A colheita do trigo começa a se intensificar e ganhar os campos no Paraná. Até o momento, 18% de uma área plantada de 1,35 milhão de hectares, 35% maior em relação ao ciclo passado, já foi colhida. O percentual de colheita está dentro dos parâmetros para o período, afirma Hugo Godinho, analista técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Ao todo, o Estado deve colher na safra 2013/14 mais de 3,78 milhões de toneladas do cereal, 111% a mais se comparado à temporada anterior.
Godinho afirma que as primeiras áreas colhidas apresentaram um índice um pouco baixo de produtividade, mas destaca que isso é normal no início da colheita da safra. O rendimento esperado para este período é de 2.938 quilos de trigo por hectare, contra 2.201 kg/ha registrado no ciclo 2012/13. Em termos de qualidade, o analista do Deral aponta que o resultado, por enquanto, é positivo em uma avaliação geral nesse início de colheita.
Contudo, Godinho ressalva que no Oeste do Estado o alto índice de chuva no começo da safra elevou a incidência de brusone e giberela, doenças que afetam a cultura e que podem comprometer um pouco a produtividade e a qualidade do cereal. Também há relatos no Norte do Paraná de problemas ocasionados pelas mesmas doenças e reflexo da chuva no início da temporada. No Norte Pioneiro, o analista do Deral destaca que foi a seca que prejudicou a qualidade de algumas lavouras. Godinho, analista do Deral, completa que nas regiões de Toledo e Cascavel a incidência das duas doenças foi acima do normal.
Milton Casaroli, produtor de grãos na região de Londrina, enfrentou neste ciclo a brusone e a giberela, que apareceram na lavoura de trigo depois das chuvas que ocorreram na região durante a safra. Essas doenças, conta ele, acabaram por afetar a produtividade. Neste ciclo, ele deve colher 50 sacas por hectare do cereal, em uma área plantada de 288 hectares. "A qualidade do grão também não está muito boa", lamenta o agricultor.
Mercado
Mesmo com os bons índices de produção da temporada, os preços baixos da commodity continuam desanimando os produtores. Casaroli é enfático ao dizer que este é o último ano que plantará trigo. "Foi muito bom até agora, mas não dá mais", lamenta. Além das doenças, o aumento dos custos de produção, principalmente com os últimos incrementos nos valores dos insumos, desanimou o agricultor.
De acordo com dados do Deral, com um preço mínimo estabelecido para o trigo em R$ 33,45 a saca, o valor pago ao produtor na semana passada não chegou a R$ 31/sc. Na média de agosto, o preço da saca fechou em R$ 32,35, contra R$ 45,45/sc registrado em agosto de 2013. Em termos de custo de produção, o valor do último levantamento do Deral ficou em R$ 31,82/sc, 13% superior ao contabilizado em 2013. E ainda mostrando que o preço de venda mal paga os custos para produzir o grão.
Godinho avalia que o governo federal já deu sinais de que em breve realizará leilões para a compra de trigo, cujo objetivo é equilibrar a oferta e a demanda do cereal e, com isso, balizar o preço da commodity. O analista do Deral estima que 50% da produção do trigo deverá ser comercializada por meio de leilões. Até o momento, apenas 4% da safra já foi comercializada, contra 8% se comparado ao mesmo período da safra anterior.