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MT: Helicoverpa traz ‘novidade’ nessa safra: surge a reboque da buva

27/11/2014 08:44
Plantio segue em Mato Grosso, mas produtor já se depara com interferências fitossanitárias sobre uma lavoura castigada
O plantio da safra 2014/15, em Mato Grosso, chegou à reta final nessa semana, mas antes mesmo que muitos produtores visualizassem a conclusão dos trabalhos nesse ciclo, os olhos e as ações já se voltavam para intervenções nas lavouras. Pragas e doenças, como lagartas e a ferrugem asiática, estão demandando intervenções e podem tirar o sono de agora em diante, quando as plantas passam ao estádio reprodutivo, momento em que todo cuidado é pouco e que pode fazer a diferença no rendimento por hectare e na qualidade do grão.

Até o último dia 21, 93% da área estimada em 8,8 milhões de hectares estava plantada, revelando um atraso anual de quase 5 pontos percentuais (p.p.), conforme levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A expectativa é que de que a semeadura se encerre no início do próximo mês, totalizando as mesmas doze semanas de trabalhos da safra passada.

A demora na finalização reflete a falta de chuvas durante o início do plantio, que chegou a paralisar a semeadura no Estado durante o mês de outubro. Em razão dos intervalos de plantios, há plantas em estádios diferentes de desenvolvimento no mesmo talhão. As lavouras que sofreram com o estresse hídrico de outubro, também foram castigadas nesse mês pela estiagem de mais de dez dias em alguns pontos do Estado e por isso, há desenvolvimento prejudicado e falhas na formação dos stands. E toda essa soja castigada ou recém emergida, já está sendo ‘atacada’ por fortes inimigos, como o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem, e lagartas como a Helicoverpa, temida pelo difícil combate e apetite voraz.

Conforme o Consórcio Antiferrugem, Mato Grosso registra 16 casos de ferrugem – o segundo maior acumulado do país, atrás do Rio Grande do Sul com 17 -, sendo oito em lavouras comerciais. O que chama à atenção é que o primeiro caso confirmado, além de anteceder em 15 dias o verificado no ano passado, o foco estava em planta em estádio vegetativo, enquanto que o registro de 30 de novembro do ano passado, foi em estádio reprodutivo (R5), em Campos de Júlio (noroeste do Estado). A confirmação do dia 15, foi feita em lavoura de Tapurah (norte do Estado).

Como reforça o coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura, em Mato Grosso (CDSV/Mapa), Wanderlei Dias Guerra, a chegada mais cedo da ferrugem na lavoura comercial não foi surpresa. “Esse quadro já estava desenhado e alertas nossos não faltaram durante toda a entressafra da soja”. Conforme o fiscal federal, a sojicultura chega ao momento mais crítico em relação à ferrugem asiática, com o surgimento dos primeiros focos em lavouras comerciais. Até a data do último registro, no dia 18, eram três casos em Tapurah, dois em Nova Maringá e três em Nova Ubiratã.

“As chuvas estão se normalizando e quando o tempo fechar de fato, o controle da doença estará dificultado e é ai que ela se alastra”. Os casos mais precoces da doença surgiram logo que as chuvas foram retomadas, mas as precipitações ainda estão longe do ideal. O temor e que de no auge da umidade no Estado a doença fuja do controle, até porque a pressão nesse ano tende a ser maior.

“Infelizmente, exatamente como prevíamos e alertamos desde a entressafra, a ferrugem chegou mais cedo que na safra passada! Nossa grande preocupação é em relação à possível maior virulência desta ferrugem, porque ela pode ser reflexo da soja safrinha, que manteve condições de ambiente e alimento aos fungos durante a entressafra. E justamente por virem da safra principal, da safrinha, onde receberam doses de fungicidas, temos agora uma populações cada vez menos sensíveis às moléculas em uso e por isso escapam e se multiplicam”. Como reforça, os fungos nas plantas guaxas (que se desenvolvem involuntariamente) sobreviveram sem problemas, graças à umidade necessária, porque choveu muito na entressafra. “Tomara haja renda de outros anos de reserva pelos produtores, para enfrentarem a situação que se avizinha. Espero que haja tempo para corrigirmos, darmos uma resposta técnica à altura do que a gravidade presente requer. Que com este cenário que se vislumbra, os produtores se conscientizem, mesmo que à moda de um parto fórceps, e entendam de uma vez por todas, que a sua lavoura pode estar em jogo e em uma partida que a ferrugem tende a vencer”.

LAGARTA – A seca favoreceu a proliferação dessas pragas, em especial a Spodoptera e a temida Helicoverpa. Nessa semana, Dias Guerra confirmou a existência da espécie, presente em ervas daninhas, no caso as buvas, ambas contidas nas novas lavouras mato-grossenses. A constatação da praga se deu em área de pivôs, em Primavera do Leste (sul do Estado). “Novamente a Helicoverpa traz problemas no começo da safra. Sai das guaxas de milho e algodão e a novidade agora, a buva, uma erva daninha que sobrevive na entressafra e já está resistente aos herbicidas”.