Nesta manhã de sexta-feira (6), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago operam estáveis, com pequenas baixas de pouco mais de 1 ponto nos princiapis vencimentos.
O mercado, segundo analistas, vem se ajustando depois do fim da greve dos caminhoneiros no Brasil, da demanda voltando para a América do Sul - com os produtores brasileiros aproveitando os picos de preços - e também à espera de novos números do USDA que saem no próximo dia 10.
Além disso, outro fator que vem limitando o avanço das cotações na CBOT é a escalada do dólar frente ao real e demais moedas de economias emergentes, o que acaba tirando parte da competitividade dos produtos negociados nas bolsas americanas.
Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:
Soja: Alta do dólar neutraliza baixas em Chicago e preços se mantêm no Brasil
O mercado internacional da soja fechou a sessão desta quinta-feira (5) em campo negativo, com as principais posições perdendo entre 8,75 e 9,75 pontos na Bolsa de Chicago. O primeiro vencimento fechou o dia com US$ 9,79 por bushel, enquanto o maio/15, referência para a safra brasileira, ficou em US$ 9,85.
Um dos principais fatores de baixa para as cotações foi a forte valorização do dólar, que no brasil chegou aos R$ 3,00 nesta quinta. No entanto, a moeda norte-americana está bastante firme no mercado internacional, e tem se valorizado frente às divisas das principais economias emergentes, as quais acabam ficando com seus produtos mais competitivos.
"O dólar alto lá fora é ruim para os preços em Chicago porque diminui a competitividade da safra dos americanos", disse o analista de mercado Flávio França, da França Junior Consultoria. A moeda norte-americana subiu pelo quarto dia consecutivo, acumulando um avanço de 5,44% no período e de 13,27% no ano, e fechou com alta de 1,03% a R$ 3,0115, registrando o mais alto fechamento desde agosto de 2004.
Além disso, o mercado internacional vê ainda a necessidade de ajuste de posições por parte dos investidores à espera de novos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga neste mês de março.
No próximo dia 10, sai o boletim mensal de oferta e demanda, o qual, segundo analistas, poderiam trazer uma redução dos estoques americanos, um aumento das exportações e revisões nos dados das safras da América do Sul. Já no final do mês, serão reportadas as primeiras projeções para a safra 2015/16 dos EUA e isso também deve trazer um direcionamento às cotações.
Nesta quinta-feira, porém, o USDA trouxe os novos números das vendas semanais para exportação e os dados ficaram acima do esperado, além de revelarem que, do total projetado para as exportações norte-americanas para o ano comercial 2014/15 - 48,72 milhões de toneladas - 98% já estão comprometidos.
Na semana que terminou em 26 de fevereiro, os EUA venderam 501,2 mil toneladas de soja. Foram 499,5 mil da safra 2014/15 contra 459,2 mil toneladas da semana anterior e os números ficaram acima das expectativas do mercado, que apostavam em 400 mil toneladas. Da safra 2015/16, foram vendidas 1,7 mil toneladas. Dessa forma, o total de soja já vendido nos EUA nessa temproada comercial sobe para 47.620,8 milhões de toneladas.
As vendas semanais de farelo de soja também subiram significativamente e somaram 158,6 mil toneladas, sendo 130,2 mil da safra velha e 28,4 mil da safra nova. Na semana anterior, houve o cancelamento de 6,3 mil toneladas da temporada atual. No acumulado do ano, as vendas já somam 8,978 milhões de toneladas, ou quase 77% do total previsto para ser exportado pelos EUA em todo o ano comercial 2014/15 - 11,690 milhões de toneladas - que se encerra somente em 31 de agosto.
Sobre o óleo de soja, o USDA informou que as vendas da última semana foram de 5,6 mil toneladas da safra 2014/15, contra 14,2 mil toneladas. No acumulado do ano, os EUA já venderam 579 mil tonelada das 930 mil projetadas para serem vendidas em todo o ano comercial.
No Brasil
Com esse quadro, de baixas no mercado e pouca definição na direção das cotações no cenário internacional, os preços no Brasil vêm ainda mostrando uma manutenção, apesar do dólar acima dos R$ 3,00.
Em Paranaguá, o preço se manteve em R$ 67,50, mesmo número registrado nesta quarta-feira (4), porém, para a safra nova - 2015/16 - entrega em fevereiro, o preço é de R$ 70,50. Em Rio Grande, a soja para junho de 2015 fechou o dia em R$ 69,50 e o produto disponível valendo R$ 67,50. Em Santos, o preço subiu para R$ 69,00 por saca.
Nos últimos dias, muitos negócios foram efetivados no Brasil - o que também foi um fator de pressão sobre as cotações em Chicago - porém, o volume de novas vendas começa a cair novamente, e os produtores voltam a se retrair, segundo explicou o consultor de mercado Fernando Pimentel, da Agrosecurity. A demanda, por outro lado, segue forte, crescente e ainda atuando como o principal pilar de suporte para as cotações, segundo sinalizam analistas e consultores.