Produção de feijão segunda safra
*Eng. Agrônomo Carlos A. Salvador
A instabilidade climática traz inquietação no setor produtivo bem como no mercado agrícola, devido às condições de campo das lavouras.
Avaliação do DERAL/SEAB indica que 24% das lavouras estão em boas condições, 46% em condições medianas e 30% em condições ruins, que comprometem a qualidade e a produtividade das lavouras. As áreas se encontram em 13% na fase de floração, 37% em frutificação e 50% em maturação.
O potencial produtivo inicial de 438 mil toneladas, estimado pelo DERAL, foi comprometido devido à estiagem registrada nos últimos meses. A estimativa atual é de uma redução de 24% na produção inicial, o que representa 104 mil toneladas a menos.
A produção paranaense de feijão na segunda safra deve totalizar aproximadamente 334 mil toneladas, isto representa redução de 7% comparativamente ao ano anterior. A área plantada foi de 222 mil hectares (redução de 11%). Até o momento cerca de 24% da área foi colhida e aproximadamente 15% da produção havia sido comercializada até o final de abril. Nas primeiras áreas colhidas, a produtividade média foi de 1.507 kg/ha.
De acordo com a Divisão de Estatística Básica do DERAL, o preço médio recebido pelos produtores em janeiro/2020 foi de R$ 185 saca/60 kg do feijão cores, em fevereiro foi R$ 174, março foi R$ 220 e abril R$ 304. Pelo feijão preto, em janeiro, o valor recebido foi de 275 saca/60 kg, em fevereiro R$ 127, em março R$ 145 e abril R$ 191. Nos últimos dois meses (março e abril), ocorreu uma alta significativa de 38% para o feijão cores e 31% para o feijão preto.
O aquecimento dos preços no mercado do feijão é devido à incerteza na oferta de um produto de qualidade e também no tamanho da produção paranaense de feijão da segunda safra.
(Por Eng. Agrônomo Carlos A. Salvador)
Leite
*Méd. Veterinário Fábio Mezzadri
Em relação à atividade leiteira diante do novo cenário desenhado pela pandemia (COVID 19), o mercado está mais restrito e complicado para as pequenas indústrias com atuação regional e produção mais restrita ao queijo. Entretanto, as empresas e cooperativas (mesmo pequenas) que trabalham com outros produtos como: leite em pó, leite fluido e outros derivados lácteos estão operando normalmente, inclusive com resultado financeiro acima da média histórica para o período.
Em meio a atual situação, algumas indústrias maiores, estão realizando a compra do leite no mercado “Spot” (comercialização entre laticínios) na intenção de recuperar seus estoques afetados pela estiagem que atinge o Sul do País. Nesta situação muitas indústrias que sobreviviam exclusivamente ou principalmente da produção de queijos, agora estão destinando a matéria prima recebida para este mercado (spot), entretanto com preços abaixo do mercado e repassando todo o ônus aos produtores.
Os preços recebidos pelos produtores caíram 2% na semana entre os dias 20/04 a 24/04, em relação ao mês de março. Entretanto o preço no mercado varejista vem acrescendo para o consumidor. Existe alguns rumores quanto a interrupção na captação do leite pelas indústrias, porém na prática ainda não aconteceu.
A atual estiagem vem atrasando o desenvolvimento das pastagens de inverno, que somada ao aumento dos custos de produção (soja e milho) vem acarretando na menor oferta de leite.
Milho
*Administrador Edmar W. Gervásio
A safra 19/20 de milho apresenta de modo geral até o momento, bons resultados. A primeira safra, já praticamente toda colhida teve uma área total de 353 mil hectares uma redução de 2% comparativamente a safra anterior. Entretanto mesmo com uma área menor tivemos uma produção estimada de 3,5 milhões de toneladas, 11% maior que a safra 18/19. A produtividade média no estado chegou próximo a 10.000 kg por hectare, 9.968.
Já na segunda safra temos uma área de 2,3 milhões de hectares com uma produção esperada de 12,2 milhões de toneladas. A produção, neste momento representa uma retração de 8% comparado a safra 18/19, porém com praticamente a mesma área plantada.
A segunda safra de milho 19/20 teve um plantio tardio em decorrência da colheita também tardia da soja, isso acabou concentrando o plantio do milho e aumentando a suscetibilidade aos riscos de clima.
Neste primeiro quadrimestre de 2020 observou-se irregularidades de chuvas e ocasionando uma das maiores estiagens do Estado do Paraná e isso afetou o desenvolvimento das lavouras. Hoje em torno de 61% da área encontra-se em condições boas, entretanto 39% apresenta algum grau de impacto que poderá resultar numa produtividade menor se não ocorrem chuvas nos próximos dias.
A safra atual invariavelmente terá uma produção menor que o esperado inicialmente, no levantamento mensal (30/04/2020) observa-se que a segunda safra de milho teve uma redução na produção esperada em torno de 600 mil toneladas ou 4,9% de perda. A expectativa inicial de produção era de 12,86 milhões de toneladas, neste momento reduziu-se para 12,24 milhões de toneladas.
Os impactos sofridos até agora foram principalmente a falta de chuva aliada a altas temperaturas e com baixa umidade. Neste momento as perdas são registradas de forma mais intensa na região oeste, onde já se caminha para a metade fim do ciclo, enquanto que a região norte ainda está na metade inicial de desenvolvimento e com maior potencial de recuperação.
A colheita deve iniciar-se no final de maio e começo de junho, intensificando em julho e agosto.
No cenário mercadológico observa-se que a potencial perda pode ser compensada de com os preços altos do cereal, hoje ficando em torno R$ 38,00 a saca de 60kg, enquanto que no mês anterior o preço médio recebido pelo produtor foi superior a R$ 42,00 a saca.
No aspecto econômico a produção de milho em 2020 deve contribuir com uma receita financeira aos produtores superior a 9 bilhões de reais com potencial de ser o maior da histórica, porém uma produção menor.
Trigo
*Eng. Agrônomo Carlos Hugo W. Godinho
O plantio de trigo no Paraná neste ano, ainda está em ritmo lento em função do tempo seco, porém, a área já plantada passou de 7% para 17% nesta última semana.
Esse avanço se deu com os produtores plantando no pó, confiando na previsão que indicava chuvas para esta semana. Se as chuvas se normalizarem, veremos uma rápida aceleração das atividades de campo. A princípio, este atraso não influencia o potencial produtivo, que se mantém em 3,5 milhões de toneladas em uma área de 1,08 milhão de hectares.
Persiste a valorização dos preços de trigo, com a saca cotada em R$60,00 em várias praças no estado. Além da baixa disponibilidade devido ao período de entressafra, e de uma valorização pontual das cotações internacionais durante a pandemia, o dólar está em cotações recordes. Todos esses fatores juntos fazem com que o preço recebido pelos triticultores seja recorde em termos nominais e mais de 20% superiores as cotações de abril de 2020, apesar de poucos conseguirem aproveitar para vender seu produto nessas cotações.
Também o preço do trigo no atacado está em sua maior cotação nominal, onerando as aquisições dos moinhos, que tem reajustado suas tabelas. O preço médio das farinhas no atacado está 9% superior nestes últimos 4 meses em relação ao mesmo quadrimestre do ano passado. Consequentemente, o pão francês, encareceu em 2020; ultrapassando a barreira dos R$9,00/kg após a pandemia e ficando neste quadrimestre 7% mais caro do que no primeiro quadrimestre de 2019.
Soja
*Economista Marcelo Garrido
O estado do Paraná produziu nesta safra um volume de 20,7 milhões de toneladas de soja. Mesmo com o clima mais seco, a produção é uma das maiores da história.
Além do grande volume, os preços estão compensadores para os sojicultores no ano de 2020. Mesmo com a crise causada pelo COVID 19 afetando todos os setores da economia mundial, e com a queda nas cotações no mercado internacional, devido principalmente à menor demanda pela soja norte americana, a desvalorização da moeda brasileira impulsionou as cotações de soja no mercado interno.
Enquanto no final de abril de 2019 o dólar era negociado a cerca de R$ 3,92, nesta semana a moeda norte americana chegou ao patamar de R$ 5,80, uma valorização de 48%. No mesmo período, a saca de soja valorizou no estado do Paraná em torno de 34%. Há um ano a saca de 60 kgs era comercializada por cerca de R$ 67,00, já na nesta semana o valor médio recebido pelo produtor paranaense foi de quase R$ 90,00.
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