O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do Paraná deve atingir o recorde de R$ 88,8 bilhões em 2020. Caso a projeção se concretize, o volume financeiro gerado pela agricultura e pela pecuária paranaenses representará um aumento de quase 15% ao produzido em 2019. A estimativa é atualizada mensalmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base nos preços de mercado e dados de produção do mês anterior – neste caso, a referência é o mês de abril.
O melhor desempenho, conforme os dados do Mapa, deve se concentrar nos produtos da lavoura, que devem gerar R$ 53,9 bilhões neste ano – um aumento de 28% em relação ao VBP consolidado de 2019. A pecuária, por sua vez, deve registrar uma leve queda de 0,8%, com estimativa de a produção chegar a R$ 34,9 bilhões.
Entre os produtos da lavoura, o VBP deve ser puxado, principalmente, pela soja. Com uma safra recorde, a oleaginosa deve chegar à arrecadação de R$ 28,6 bilhões, o que representa um aumento de mais de 40% em relação ao ano passado. Também merecem destaque o milho, cujo VBP deve atingir R$ 10,8 bilhões (23% mais do que em 2019) e a cana-de-açúcar, com R$ 3,7 bilhões (aumento de 2,7%). Em termos porcentuais, o produto que deve apresentar o maior avanço no seu VBP é o trigo: a arrecadação com a produção do cereal deve passar de R$ 3,6 bilhões, o que corresponde a um aumento de 84% ante o ano passado.
“O nosso carro-chefe continua sendo a soja, que, além da safra recorde, também teve preços muito bons, graças ao efeito do dólar alto. O milho também vem com desempenho bastante positivo, favorecido por essa dinâmica de preços. É interessante notar também a forte recuperação do VBP do trigo, ocorrido, principalmente, em função do aumento de produção e de produtividade”, apontou Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico Econômico do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Em relação aos produtos da pecuária, a maioria dos produtos deve ter desempenho positivo. O VBP dos bovinos, por exemplo, devem bater a casa dos R$ 4,5 bilhões, em uma alta de 13,7% em relação a 2019. Os suínos devem gerar faturamento deve ser de R$ 4 bilhões (aumento de 10%) e o setor de ovos, R$ 1,1 bilhão (alta de 14%). Carro-chefe da pecuária, no entanto, o frango tem previsão de recuo de VBP de 4,8%, atingindo os R$ 20,5 bilhões. Leite também deve ter queda, chegando aos R$ 4,6 bilhões (recuo de 6%).
“Os números apresentam um indicativo de recuo de produção, no caso do frango. No conjunto de produtos da pecuária, é interessante notar que a alta das outras carnes fizeram com que o grupo permanecesse praticamente estável, mesmo com a queda do VBP do frango, que é o principal produto da pecuária no nosso Estado”, analisou Ferreira. “Nos primeiros meses deste ano, apesar da pandemia do novo coronavírus, nós observamos o aumento das exportações de carnes e um cenário favorável para ovos”, acrescentou.