O mercado internacional da soja, nesta terça-feira (19), opera com ligeiras baixas, porém, ainda trabalhando para manter certa estabilidade na Bolsa de Chicago. Assim, por volta das 9h50 (horário de Brasília), os principais vencimentos perdiam entre 3,25 e 4 pontos, com o julho valendo US$ 9,50 e o novembro US$ 9,31 por bushel.
Há ainda uma movimentação limitada das cotações no mercado futuro americano mesmo diante das informações do bom desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. De acordo com o último boletim de acompanhamento de safras divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o plantio da soja evoluiu, na última semana, de 31 para 45% da área norte-americana, e o número ficou dentro das expectativas do mercado.
Para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, a limitação das baixas em Chicago se dá frente ao comportamento do produtor norte-americano, que controla e limita suas vendas diante dos valores menores que são praticados atualmente, esperando por patamares em que seu rendimento não seja comprometido.
"Nos EUA, estamos vendo que o produtor não está vendendo nesses patamares de US$ 9,30 que tem girado em Chicago para o
novembro/15. Para ele ter margem, ele alegar que teria que vender na faixa de US$ 10,00 e mais os prêmios (no Golfo do México), que estão entre 60 e 90 cents de dólar. Para eles comercializarem e terem alguma margem, precisariam de preços entre US$ 10,50 e US$ 11,00 com os prêmios no Golfo", afirm a Brandalizze.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja fecha o dia em alta no Brasil com suporte do dólar e dos prêmios nesta 2ª
Na sessão desta segunda-feira (18), o mercado da soja testou os dois lados da tabela durante todo o dia e encerrou os negócios em campo positivo, porém, com ganhos bastante tímidos. As posições mais negociadas subiram entre 0,50 e 1,25 pontos. O julho/15 fechou o pregão com US$ 9,54 por bushel, enquanto o novembro/15 ficou cotado em US$ 9,35.
Paralelamente, no Brasil, os preços também apresentaram uma reação nesta segunda. Com as ligeiras altas em Chicago associadas a prêmios fortes e positivos e mais uma alta do dólar frente ao real, as cotações subiram, principalmente nos portos do país.
Em Paranaguá, a alta em relação à última sexta-feira (15) foi de 1,06% para R$ 66,50 por saca, enquanto em Rio Grande, o aumento foi de 1,35% para R$ 67,40. Já o preço da soja da nova safra brasileira, entrega em maio/16, subiu 1,26% nesta segunda-feira para R$ 72,50 no terminal gaúcho.
A moeda norte-americana registrou um ganho de mais de 0,50% nesta sessão, terminando o dia acima dos R$ 3,00, enquanto os prêmios nas principais posições de entrega, em Paranaguá, registram valores de 62 a 93 centavos de dólar acima dos preços praticados na Bolsa de Chicago.
Exportações Brasileiras
O Brasil exportou nos primeiros 10 dias úteis de maio um total de 4,675 milhões de toneladas de soja em grão, com uma média diária de 467,58 mil e com uma receita gerada de US$ 1,810 bilhão no período. O preço médio da tonelada ficou em US$ 387,20. Em relação a maio do ano passado, o volume aumentou 29%, porém, a receita caiu 1,7% e o preço da tonelada perdeu 23,8%. Os embarques foram ainda 42,8% maiores do que as de abril, enquanto a receita subiu 42,9% e o preço médio 0,1%.
No mesmo intervalo, as exportações brasileiras de farelo de soja totalizaram 523,3 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 215,1 milhões e registrando um preço médio de tonelada de US$ 411,00. Se comparado ao mesmo mês de 2015, o volume foi 22,6% menor e foi registrada ainda uma baixa de 39,3% na receita e de 21,5% no preço médio.
As exportações de óleo de soja somaram, nos últimos 10 dias úteis, 58,1 mil toneladas a um preço médio de US$ 686,40 por tonelada. Assim, a receita gerada foi de US$ 39,90 milhões no período. O volume de óleo embarcado, em relação ao mesmo período do ano passado, subiu 9,4%, enquanto o preço médio perdeu 24,1% e a receita, consequentemente, caiu 16,9%.
Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, o mercado internacional ainda busca garantir alguma estabilidade e bom posicionamento na medida em que o foco dos negócios está sobre o desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos e, nesse caso, ainda são trabalhadas estimativas e previsões. E o fator mais observado tem sido o clima no país, o qual tem trazido boas condições para os trabalhos de campo.
Segundo Giovani Damiano, analista de mercado da FCStone, as expectativas para a nova safra norte-americana são realmente baixistas para as cotações, porém, ainda precisam ser confirmadas para que exerçam uma pressão mais significativas par as cotações.
No boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) a ser reportado nesta segunda, o plantio da soja, de acordo com expectativas, poderia vir concluído entre 45 e 50% da área. "As chuvas da última semana tentaram parar alguns agricultores no Meio-Oeste, porém, algum progresso foi feito. Entretanto, alguns negociadores de soja afirmaram que os produtores não estariam tão preocupados em implantar suas lavouras. O clima frio nas regiões mais ao norte do cinturão e o impacto que poderia causar esteve mais nas conversas do mercado nesta segunda do que o plantio em si", relatou Bob Burgdorfer.
Paralelamente, porém, alguns outros fatores ainda dão um suporte, mesmo que momentâneo, para os preços da soja na CBOT, como o avanço do mercado do farelo na bolsa americana, ainda segundo Damiano, e os ganhos também do trigo, que registrou um novo rally de altas nesta segunda e fechou com altas de mais de 11 pontos. O mercado do óleo de soja também tem sido acompanhado bem de perto pelos traders.
"Os futuros da soja fecharam o dia com alguns ganhos e o mercado sendo favorecido pelo trigo e o farelo de soja. No entanto, os traders também deram bastante atenção ao óleo", relatou o analista internacional Bob Burgdorfer, do site norte-americano Farm Futures.
O analista da FCStone explicou ainda que, principalmente as posições mais próximas ainda são direcionadas pela realidade da safra velha de soja, especialmente com a realidade atual da demanda interna norte-americana por soja em grão e também por seus derivados.
Refletindo esse quadro, a NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA) informou que, em abril, foram processadas 4,09 milhões de toneladas de soja, um número 13% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado. Esse número, apesar de menor do que o registrado em março, foi o maior até hoje para abril.
USDA Embarques Semanais - E o boletim de embarques semanais que seria divulgado ainda nesta segunda-feira pelo USDA não saiu em função de problemas técnicos anunciados pelo departamento. Os dados deverão ser reportados nos próximos dias.