O mercado internacional da soja voltou do feriado nos Estados Unidos operando em campo positivo na Bolsa de Chicago nesta manhã de terça-feira (26). As altas, porém, ainda eram tímidas e demontsravam uma tentativa das cotações de manter sua estabilidade antes da chegada de algumas informações importantes.
Assim, entre os principais vencimentos, os ganhos variavam entre 1,6 e 2,2 pontos, com o contrato novembro/15, referência para a safra norte-americana, valendo US$ 9,09 por bushel. E o foco dos traders para a formação dos preços, segundo explicam os analistas, continua sendo o desenvolvimento do clima nos EUA, bem como seu impacto sobre as lavouras.
Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo boletim semanal de acompanhamento de safras com números que mostrarão o progresso do plantio e algumas condições das plantações. A expectativa do mercado é de que algo entre 60 e 65% da área norte-americana já tenham sido semeados até o último domingo (24). Além disso, o departamento traz ainda seu novo relatório dos embarques semanais de grãos dos EUA.
Paralelamente, o que também tem sido observado pelo mercado internacional da soja - e das demais commmodities agrícolas - é o andamento do dólar e das notícias que chegam do mercado financeiro, principalmente da economia dos Estados Unidos e as expectativas sobre a possibilidade de uma elevação da taxa de juros no país ainda neste ano.
Veja como fechou o mercado interno nesta segunda-feira:
Soja: Diferencial para preços no Brasil terá ajuda do dólar e prêmios, afirmam consultores
O mercado brasileiro da soja trabalhou sem a referência da Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (25) e, por isso, registrou oscilações mais limitadas. Mesmo diante de uma sessão positiva para o dólar frente ao real, a reação dos preços não foi muito forte.
Nos portos brasileiros, os preços mantiveram certa estabilidade, ainda trabalhando entre R$ 66,00 e R$ 66,90 nos terminais de Rio Grande e Paranaguá. Enquanto isso, a nova safra ainda é negociada próxima do intervalo de R$ 71,00 a R$ 72,00 por saca no porto gaúcho.
Segundo explicou o consultor de mercado Ênio Fernandes, os negócios no Brasil caminharam de lado, com operações acontecendo pontualmente e de forma localizada. Com cerca de 30% da safra 2014/15 ainda para ser comercializada, o sojicultor, de acordo com Fernandes, segue observando as melhores oportunidades de venda que podem vir com rápidos rallies de preços em Chicago.
Para o consultor, o mercado da chamada "safra velha" não deve contar ainda com grandes ondas de vendas mais adiante, e sim esses negócios pontuais. Em Mato Grosso, cerca de 85% da safra já foi vendida, em Goiás, 90% e no Rio Grande do Sul, onde a colheita acontece um pouco depois do Centro Oeste, este número está próximo de 40%.
Para Steve Cachia, consultor de mercado da Cerealpar, essas melhores oportunidades de comercialização para o produtor brasileiro poderiam vir, principalmente, de uma nova série de altas do dólar frente à moeda brasileira. A divisa americana, nesta segunda-feira, conseguiu recuperar o patamar dos R$ 3,10, trabalhando durante toda a sessão em campo positivo. No entanto, no final do pregão, os ganhos perderam um pouco da força e fecharam o dia com R$ 3,0979. Na máxima do dia, o valor superou R$ 3,13.
A tendência agora, segundo ele, é de que o dólar volte a subir frente às incertezas sobre o ajuste fiscal no Brasil, além de o mercado financeiro sentir ainda o impacto do corte no orçamento da União e o aparente descontentamento do ministro da Fazenda Joaquim Levy sobre o valor, que ficou em R$ 69,9 bilhões, quando o esperado era algo entre R$ 70 e R$ 80 bilhões.
"E essa alta do dólar poderia trazer melhores condições de preços em reais para o produtor brasileiro", diz Cachia.
Paralelamente, continua o acompanhamento do mercado internacional, que segue pautado pelo cenário climático e pelo desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. E esses são os principais fatores de composição para um novo cenário de preços para a soja da nova temporada, como explica Fernandes.
Para esta terça-feira (26), analistas e consultores acreditam que o mercado internacional deverá retomar seus negócios em Chicago atento à essas informações e à espera do novo boletim semanal de acompanhamento de safras que será divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). E a expectativa é de que o índice de plantio da soja no país deva ficar entre 60 e 65% da área.
Exportações brasileiras
Os embarques de soja nos portos brasileiros em maio, no entanto, estão na contramão das vendas, que seguem em ritmo mais lento, com os produtores esperando esses preços melhores mais adiante, como explica Camilo Motter, analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.
E este é um cenário que justifica ainda os prêmios que permanecem positivos nos portos, com valores entre 51 e 93 cents de dólar sobre os preços praticados em Chicago em Paranaguá, por exemplo.
No período correspondente aos primeiros 15 dias úteis de maio, o Brasil exportou um total de 7.049,3 milhões de toneladas de soja em grão, contra um volume de 6.551,0 milhões do mesmo período do mês anterior, um aumento de 7,6%. E as expectativas de representantes do setor é de as exportações de soja deste mês do Brasil sejam recordes.
Nas primeiras duas semanas do mês, os embarques brasileiros, segundo informou a agência de notícias Reuters, registram um ritmo 13% maior do que o de abril do ano passado e 29% mais elevado se comparado a maio de 2014. "Se o ritmo continuar nessa constância, podemos exportar 9,1 milhões de toneladas. O mercado para exportação está muito agitado pelos atrasos no início do ano", disse o analista de grãos da Informa Economics FNP, Aedson Pereira à Reuters.
A agência informou ainda que a fila de navios previstos para carregar nos portos do Brasil, de acordo com a agência Marítima Williams, é bem maior do que a registrada há um ano.