As principais posições do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o pregão desta quarta-feira (27) com perdas acentuadas, em patamares mais baixos dos últimos sete meses. Os futuros da commodity recuaram pelo segundo dia consecutivo e exibiram quedas entre 5,50 e 6,75 pontos. O contrato julho/15 era cotado a US$ 3,49 por bushel, após ter encerrado o dia anterior a US$ 3,55 por bushel.
As agências internacionais de notícias destacam que, os preços recuaram em decorrência da valorização do dólar frente a outras moedas e o andamento da safra norte-americana 2015/16. "Teoricamente, o dólar mais alto acaba deixando o produto norte-americano menos competitivo no mercado internacional, frente a produtos de outras origens", conforme explica o analista de mercado da Cerealpar, Steve Cachia.
Além disso, o analista também destaca as boas condições climáticas no país, que ainda contribuem para o desenvolvimento das lavouras. As temperaturas, que estavam mais baixas, já começaram a subir, descartando qualquer preocupação imediata com as plantações. E as chuvas continuam aparecendo no Meio-Oeste do país e as previsões climáticas indicam a continuidade das precipitações nos próximos dias.
"A princípio, o clima deverá ser bastante favorável nos EUA ao longo do desenvolvimento da cultura. Entretanto, sempre temos a possibilidade de ter, entre um ano e outro, condições climáticas desfavoráveis. Por enquanto, tudo camina bem e a expectativa é de boa produção, tanto na soja, como no milho", afirma o analista.
Ainda nesta terça-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou o plantio completo em 92% da área até o último domingo (24). Percentual em linha com as apostas do mercado, entre 92% e 94%. Apenas nos estados do Colorado, Kansas e Texas, os trabalhos nos campos caminham de maneira mais lenta devido às chuvas fortes, conforme destaca o site internacional Farm Futures.
Contudo, no geral, se comparado com o mesmo período do ano passado, a semeadura estão mais adiantada. Em igual período de 2014, o plantio estava em 86%, já a média para o período é de 88%. Paralelamente, o percentual de lavouras em boas ou excelentes condições ficou em 74%, acima do esperado pelos investidores, de 67%. Ainda segundo o relatório, em torno de 23% das plantações estão em situação regular e apenas 3% em condições ruins. Até o momento, cerca de 74% das lavouras já emergiram, frente os 56% indicados na semana anterior.
Mercado interno
No Porto de Paranaguá, a saca do milho, para entrega em outubro, terminou a quarta-feira (27) em R$ 28,00. Diante da queda observada no câmbio, que encerrou o dia a R$ 3,14, com perda de 0,13%, associada à forte desvalorização registrada nos futuros do grão no mercado internacional, a cotação permaneceu estável em comparação com o dia anterior.
Em São Gabriel do Oeste (MS), a quarta-feira foi de ligeira alta nos preços, em torno de 2,94%, com a saca do milho a R$ 17,50. Mesmo cenário visto na região de Jataí (GO), onde as cotações subiram 2,86% e a saca do milho fechou o dia a R$ 18,00. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, os preços continuaram estáveis.
Nesse momento, a perspectiva de uma grande safrinha de milho, ainda é o principal fator de pressão sobre as cotações. Quadro que pode ser agravado com a evolução da colheita nos principais estados produtores, conforme destacam os analistas. As preocupações iniciais, as projeções são bastante positivas quanto à segunda safra no país, principalmente por conta das chuvas, que se alongaram, especialmente no Centro-Oeste.
Na região de Tangará da Serra (MT), a produtividade das plantações deverá ficar em 100 sacas de milho por hectare, um aumento de 6% em relação ao ano passado. Segundo o delegado da Aprosoja na região, Clóvis Félix de Paula, o rendimento médio deverá compensar o recuo de 10% na área semeada com o grão nesta temporada.
"Além da produção, temos o agravante dos estoques do milho, que estão elevadíssimos. E, durante os meses de março, abril e maio, mesmo com a demanda externa, não conseguimos desovar um volume expressivo da safra brasileira. Consequentemente, o mercado interno fica super ofertado, o que pressiona os preços", explica o analista de mercado da Cerealpar, Steve Cachia.
Por outro lado, o analista também ressalta outros países caminham para uma boa produção também, como a Rússia, Ucrânia, EUA e Argentina. "Precisamos ser competitivos. Claro que iremos depender da taxa de câmbio, para ocasionar uma competição do grão brasileiro frente ao produto de outras origens e também de uma melhora nos preços na CBOT. Sabemos que o mercado nunca é uma via de mão única, por isso, é bom estar atento dentro de um quadro de grande oferta no Brasil, para aproveitar para desovar o milho", orienta Cachia.
Veja como fecharam as cotações nesta quarta-feira: