Na sessão desta sexta-feira (12), o mercado da soja segue recuando na Bolsa de Chicago, porém, com baixas bem mais tímidas após o tombo registrado na sessão anterior. Por volta das 7h40 (horário de Brasília), os principais vencimentos perdiam de 1,50 a 4 pontos, com o novembro/15 cotado a US$ 9,05.
De acordo com analistas, o mercado conta com alguns fundamentos positivos no momento - com o excessivamente chuvoso clima no Meio-Oeste americano - porém, sente ainda a forte presença dos fundos de investimento que, ontem, optaram por uma intensa liquidação de posições pressionando as cotações.
Paralelamente, os negócios são pautados também pelo dólar, principalmente no Brasil. Nesta quinta, a moeda norte-americana chegou a subir quase 2% durante a sessão, mas fechou em queda e, novamente, pesou sobre a formação dos preços nos portos e no interior do país.
Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:
Soja: Preços caem forte em Chicago. No Brasil novo recuo do dólar pesa sobre o mercado
Após uma abertura bastante positiva nesta quinta-feira (11), o dólar voltou a ceder no final do dia e fechou mais uma sessão em campo negativo frente ao real. A moeda norte-americana fechou com 0,35% de queda e cotada a R$ 3,10. Esse movimento atrelado às fortes baixas registradas na Bolsa de Chicago, os preços da soja no Brasil também recuaram de forma significativa, tanto no mercado disponível quanto para o produto da safra nova.
Em Paranaguá e em Rio Grande, a soja disponível fechou o dia perdendo 1,46% para ficar com R$ 67,50 por saca. No meio do dia, porém, com um dólar em alta, os preços chegaram a bater e superar os R$ 69,00. Para a entrega entre março e maio de 2016, as perdas foram de 3,45% e 1,64%, respectivamente, com os últimos preços em R$ 70,00 no terminal paranaense e R$ 71,80 no gaúcho.
No interior do país, com os negócios travados diante dos atuais níveis de preços e da oscilação negativa do dólar nos últimos dias, as cotações encerraram a quinta-feira com estabilidade na maior parte das principais praças de comercialização, de acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas junto aos sindicatos rurais e cooperativas.
No Sul do Brasil, as cotações têm variado entre R$ 57,50 e R$ 57,00, como é o caso de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, e de Cascavel, no oeste do Paraná. Já em Mato Grosso, nas regiões de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, preços de R$ 52,00 a R$ 53,00. Em São Gabriel do Oeste/MS, o último preço ficou em R$ 54,00 e em Jataí/GO, R$ 55,58 por saca.
Dólar
Nesta quinta, o dólar chegou a subir quase 2% ao longo da sessão, porém voltou a perder força diante, segundo informações da agência de notícias Reuters, da entrada de recursos externos e das "expectativas de mais fluxos no futuro devido à avaliação de que a taxa de juros no Brasil deve subir mais do que o esperado".
Além disso, as especulações sobre a intervenção do Banco Central no câmbio também pesou. "Pela manhã, a sinalização foi de que as rolagens poderiam ser menores. À tarde, o noticiário apontou na direção oposta. O mercado acaba tendo que lidar com esse ruído. A única certeza é que os juros vão continuar subindo e deixando o país mais atraente", afirmou o economista-chefe do BESI, Jankiel Santos à Reuters.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, as baixas entre as posições mais negociadas foram de 9,50 a 13 pontos e o dia, após algumas sessões consecutivas de ganhos, foi de uma intensa realização de lucros. Assim, o julho encerrou a sessão valendo US$ 9,40 e o novembro com US$ 9,08 por bushel.
Segundo explicou o consultor de mercado Steve Cachia, da Cerealpar, o recuo do mercado foi intensificado pela atuação ainda muito presente dos fundos de investimento nos negócios.
"Os fundos liquidaram suas posições neste pregão e as baixas acabaram sendo exageradas. Mas a soja deve voltar a reagir", explica Cachia. "Os fundos também estão se ajustando em função de um cenário ruim para o trigo no curto prazo, porém, foram basicamente razões técnicas que motivaram essa liquidação. Muitas vezes, o modos operandi dos fundos não tem razão fundamental", completa.
Além disso, ainda de acordo com o consultor, o mercado conta também com bons números da safra velha divulgados no boletim mensal de oferta e demanda pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda-feira (10). Os estoques finais dos EUA foram reduzidos, as exportações e o esmagamento local ligeiramente revisados para cima.
Além disso, o mercado conta ainda com fundamentos climáticos que seguem dando suporte às cotações em Chicago. Há ume excesso de chuvas em quase todo o Meio-Oeste americano comprometendo os trabalhos de campo e atrasando o plantio da soja em estados importantes. E as previsões seguintes indicam mais chuvas.
As tempestades registradas no Kansas e em Iowa deverão se espalhar por todo o Corn Belt, antes de uma nova frente se aliar ao sistema trazendo mais chuvas fortes para a região, de acordo com as sinalizações dos mapas climáticos para os próximos dias divulgados hoje pelo NOAA - o departamento oficial de clima dos Estados Unidos.
Para Steve Cachia, o comportamento do clima nos EUA deverá ser o fator principal de influência para os preços "pelo menos até meados de agosto. "Se no final de semana chove, no início da semana seguinte mercado cede, se não chove, mercado se anima e tenta especular algum estresse nas lavouras. E isso dá o tom para a semana, além da atenção necessária às previsões mais alongadas que saem periodicamente", explica.
USDA - O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu relatório semanal de vendas para exportação nesta quinta-feira (11). Os dados mostram que as operações com a soja tanto da safra velha como da nova aumentaram, bem como aconteceu no farelo e no milho.
Na semana que terminou em 4 de junho, as vendas de soja dos EUA somaram 554,3 mil toneladas, contra 477,3 mil da semana anterior e acima das expectativas de 270 mil do mercado. Foram 165 mil toneladas da safra velha e mais 389,3 mil da nova. Assim, o volume de soja já comprometido pelos EUA para exportações é de 50.263,2 milhões de toneladas, ou seja, 2% maior do que a última projeção do USDA para as vendas de todo o ano comercial - que se encerra em 31 de agosto somente - de 49,26 milhões de toneladas.