Os futuros da soja registram uma nova sessão de boas altas nesta quarta-feira (17) na Bolsa de Chicago. Com foco ainda voltado para o clima muito úmido e nas previsões trazendo mais chuvas para o Meio-Oeste dos Estados Unidos, os principais vencimentos subiam mais de 10 pontos, por volta das 7h30 (horário de Brasília), e o contrato novembro/15, referência para a safra americana, era negociado a US$ 9,38 por bushel.
O mercado internacional dá continuidade às boas altas registradas no pregão anterior e segue motivado pelo excesso de precipitações nas principais regiões produtoras norte-americanas, quadro que foi agravado pela chegada da tempestade tropical Bill ao Texas e que deve avançar para os estados mais ao coração do Corn Belt.
O plantio da safra 2015/16 está atrasado de acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e alguns meios iunternacionais já acreditam em baixa de produtividade da oleaginosa em estados de importância na produção.
Um levantamento do portal norte-americano Farm Futures estima que, com o atual quadro climático, o potencial de produtividade da soja em estados importantes já está ameaçado e assim, o rendimento poderia ser 1 bushel por acre menor no Nebraska, 6,3 bushel no Missouri, 0,7 bushel em Illinois e 0,5 em Ohio. Ao mesmo tempo, porém, há uma expectativa de aumento de 0,9 bushel por acre em Iowa e 1,6 em Indiana.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja fecha o dia com mais de 20 pts de alta em Chicago motivada pelo excesso de chuvas no Corn Belt
O mercado da soja na Bolsa de Chicago fechou com altas superiores a 20 pontos entre os principais vencimentos na sessão desta terça-feira (16). Segundo explicaram analistas, as previsões de mais chuvas fortes no Meio-Oeste dos Estados Unidos e o atraso no plantio da nova safra norte-americana foram fatores que intensificaram o avanço das cotações neste pregão, onde o vencimento novembro/15 fechou o dia valendo US$ 9,27 por bushel e de bater na máxima de US$ 9,28.
Acompanhando as fortes altas de Chicago, os preços da soja nos portos brasileiros também subiram de forma significativa, apesar de uma nova baixa do dólar frente ao real. Os ganhos variaram de 1,03 a 2,88% nos principais terminais de exportação da oleaginosa brasileira.
Em Paranaguá, a soja disponível fechou a R$ 69,00 por saca, em Rio Grande a R$ 68,70 e em Santos a R$ 67,70. Já a soja da safra 2015/16 registrou, no fechamento, valores de R$ 71,50 a R$ 72,80 por saca, nos portos paranaense e gaúcho, respectivamente.
"A soja subiu 2,2% nesta terça-feira (em Chicago), seu maior ganho diário desde o início de fevereiro em Chicago, intensificada pelas compras de fundos depois que o USDA cortou (em 2%) as lavouras de soja em boas condições nos EUA", disse Bob Burgdorfer, analista do site norte-americano Farm Futures.
Um levantamento do portal estima que, com o atual quadro climático, o potencial de produtividade da soja em estados importantes já está ameaçado e assim, o rendimento poderia ser 1 bushel por acre menor no Nebraska, 6,3 bushel no Missouri, 0,7 bushel em Illinois e 0,5 em Ohio. Ao mesmo tempo, porém, há uma expectativa de aumento de 0,9 bushel por acre em Iowa e 1,6 em Indiana.
Nesta terça, uma tempestade tropical avançou para a costa do Texas e deve trazer ainda mais chuvas para o Corn Belt, principal região produtora de grãos dos EUA e onde já há campos alagados de soja e milho. Assim, a previsão para o resto desta semana e o início da próxima é de que o clima continue ainda muito úmido.
"A principal preocupação ainda é e continuará sendo o potencial de chuvas muito pesadas e de inundações ainda maiores", disse o especialista em furacões do instituto meteorológico norte-americano Accuweather, Dan Kottlowski.
Ainda segundo o instituto, uma onda de chuvas fortes - com média de 152 a 254 mm, podendo ser ainda mais volumosas - vai se estender do norte ao sul de Missouri, estado onde o plantio da soja está mais atrasado e concluído em somente 42% da área, de acordo com os últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). E, para o estado, nesse período, o normal seria uma semeadura passando dos 80%.
Para Carlos Cogo, consultor de mercado da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, as fortes altas registradas nesta sessão foram um reflexo dessas atuais condições climáticas - e criam, inclusive, momentos de oportunidades e melhores preços para a soja brasileira - e podem ser justificadas também pelo último boletim semanal de acompanhamento de safras divulgado pelo USDA nesta segunda-feira (16).
O reporte mostrou um atraso no plantio da soja, concluído em 87% da área prevista e abaixo dos índices da média dos últimos cinco anos e do mesmo período do ano passado, além de mostram que o índice de lavouras em boas ou excelentes caindo, em uma semana, de 69 para 67%, contra 73% do mesmo período da temporada 2014/15.
Para Mike McGinnis, analista de mercado do site norte-americano Agriculture.com, afirma ainda que o mercado da soja "contou também com o esmagamento em bons volumes registrados em maio nos Estados Unidos, com números divulgados pela NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA), além dos compradores participando do mercado de forma mais ávida depois das fortes e recentes baixas e também com as exportações reforçando boas expectativas".
A NOPA, nesta segunda, informou que, no mês passados, os EUA processaram 4,039 milhões de toneladas, contra 3,506 milhões de maio de 2014. O total, entretanto, ficou ligeiramente menor do que o registrado em abril.
Entretanto, para Cogo, essas podem ser altas pontuais para o mercado da soja na Bolsa de Chicago, uma vez que é motivada pelas questões climáticas e a tendência ainda é de preços mais pressionados diante das boas expectativas - apesar dos problemas atuais - para a safra norte-americana, caso as condições de clima sejam revertidas.