As cotações futuras da soja negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a sessão desta sexta-feira (31) com ligeiros ganhos, próximos da estabilidade. Por volta das 8h06 (horário de Brasília), o vencimento novembro/15, referência para a safra norte-americana, era cotado a US$ 9,50 por bushel. Já o agosto/15 era negociado a US$ 9,95 por bushel.
Os futuros da commodity tentam dar continuidade ao movimento de alta iniciado no pregão anterior. Nesta quinta-feira, os preços da oleaginosa exibiram ganhos entre 6 e 7,50 pontos. De acordo com analistas, o mercado encontrou suporte nas informações positivas vindas do lado da demanda. Ainda ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou a venda de 140 mil toneladas do grão para destinos não revelados.
Do mesmo modo, os números das exportações semanais ficaram acima das expectativas do mercado e contribuíram para dar suporte aos preços. Paralelamente, os investidores já começam a se preparar para o próximo relatório de oferta e demanda do USDA, que será divulgado no dia 12 de agosto. Isso porque, o órgão irá apresentar os números da nova temporada americana, com área plantada com o grão e a perspectiva para a produtividade das lavouras.
Confira como fechou o mercado nesta quinta-feira:
Soja sobe em Chicago e, com alta do dólar, preços nos portos do Brasil acompanham
Por Carla Mendes
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a sessão desta quinta-feira (30) em alta. Entre os principais contratos, os ganhos ficaram em 6 e 7,50 pontos, com todos acima dos US$ 9,50 por bushel.
O mercado futuro americano trabalhou durante todo o pregão do lado positivo da tabela ao receber notícias positivas que vieram do lado da demanda, explicaram analistas. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma nova venda da commodity da safra 2015/16 - de 140 mil toneladas para destinos desconhecidos - e trouxe ainda seu boletim semanal de vendas para exportação com números fortes e que superaram as expectativas do mercado.
"Os preços mais baixos atraíram os compradores chineses de volta ao mercado na última semana, e foram adquiridas cerca de 650 mil toneladas de soja dos Estados Unidos, mesmo com a oferta brasileira dominando o mercado nesse momento. As notícias (sobre a demanda) ajudaram os preços a registrarem, ao longo do dia, altas de 10 a 15 pontos", disse o analista de mercado e editor do site internacional Farm Futures, Bryce Knorr.
Somente na semana que terminou em 23 de julho, as vendas de soja somaram 1.315,800 na semana que terminou em 23 de julho e superaram as expectativas de 800 mil a 1,1 milhão de toneladas e o total da semana anterior, de 322,6 mil toneladas. Foram 416,7 mil toneladas da safra velha e mais 899,1 mil da nova. Os principais compradores foram, respectivamente, a China e destinos desconhecidos.
Esta foi a melhor semana, desde o início de janeiro, ainda segundo Knorr, para as vendas de soja para exportação dos Estados Unidos e o volume registrado no boletim do USDA desta quinta-feira elevou o total acumulado no ano para 52.239,9 milhões de toneldas, um volume bem maior do que a projeção do departamento para as exportações da temporada 2014/15 de 49,7 milhões de toneladas.
Expectativa para novo boletim do USDA
Apesar desse suporte visto para os preços nesta sessão, o mercado internacional ainda deve atuar com volatilidade nos próximos dias. A espera pelo novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA traz no dia 12 de agosto exige dos traders um ajuste de posições para que estejam bem cobertos no momento da chegada dos números.
As informações mais aguardadas, segundo explicou o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, são as que se referem à produtividade e área de plantio, principalmente após a nova safra do país ter sido marcada, em seu início, por intensas adversidades climáticas. "De hoje até o dia 12 de agosto veremos uma luta muito forte entre altistas e baixistas tentando puxar o mercado para sua posição", disse. Além disso, ele lembra ainda que agosto é o mês decisivo para a cultura da soja nos Estados Unidos e o reporte sairá no meio desse mês. "Acredito que esse pode ser um dos dias mais importantes e nervosos para o mercado", completa.
O consultor acredita que, em função do excesso de chuvas que jáfoi registrado em áreas importantes de produção no país, o rendimento da oleaginosa poderia ser reduzido de 46 bushels por acre - estimados no reporte de julho - para algo entre 42 e 43 e, caso isso se confirme, os preços da soja poderiam voltar a trabalhar em um intervalo de US$ 9,50 a US$ 10,50 por bushel na CBOT. Porém, caso os 46 bpa sejam mantidos, o mercado poderia vir a testar o suporte dos US$ 9,00, afirma Fernandes. E, nesse momento, há duas frentes de especialistas, cada uma crendo em um cenário.
"No entanto, é importante lembrar que o USDA, em seus últimos boletins, tem surpreendido", diz, e essas surpresas nem sempre têm sido favoráveis ao andamento das cotações. No relatório passado, o departamento - mesmo diante dos relatos de impossibilidade de plantio em alguns pontos dos EUA por conta do excesso de precipitações - manteve inalterada sua estimativa para a área a ser semeada nesta nova safra ligeiramente acima dos 34 milhões de hectares.
Mercado Brasileiro
No mercado brasileiro, a semana tem sido de negócios em ritmo ligeiramente mais lentos em relação às semanas anteriores, principalmente para a soja da safra nova, segundo relata o consultor de mercado Márcio Genciano, da MGS Rural. Os preços da soja, no entanto, voltaram a garantir algumas novas altas nesta quinta-feira diante de mais um dia de um avanço da moeda americana frente à brasileira.
Com um ganho de 1% para a divisa - que ficou em R$ 3,3710 - os preços da soja nos portos brasileiros subiram entre 0,94% e 3,06%. No interior do país, os valores também registraram algum valorização. Em Paranaguá, a soja disponível subiu para R$ 76,00 e a futura - entrega março/15 - para R$ 75,00 por saca. Já em Rio Grande, os números ficaram entre R$ 77,50 no disponível e R$ 77,00 para maio/16.
As exportações do Brasil vem se desenvolvendo muito bem, registrando volume recordes, reflexo das boas oportunidades sendo aproveitadas pelo produtor brasileiro. A última estimativa da Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais) é de que o país exporte mais de 50 milhões de toneladas de 2015.
E segundo informações reportadas pela Agrinvest em seu blog, a concentração das importações chinesas de soja na América do Sul tem sido um fato atípico este ano. "Normalmente a soja sul americana permanece competitiva até meados de agosto, quando a origem americana passa a ser mais viável pela entrada da safra. Porém, a soja sul americana continua se mostrando mais competitiva em relação ao produto americano, gerando concentração das importações chinesas no Brasil e Argentina", noticiou a Agrinvest.