Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago iniciam a semana em campo positivo. Na sessão desta segunda-feira (14), os principais vencimentos subiam pouco mais de 6 pontos, com o contrato novembro/15 - referência para a safra americana - valendo US$ 8,81 por bushel, enquanto o maio, referência para a produção brasileira, vinha cotado a US$ 8,86.
O mercado trabalha em alta nesta sessão mesmo diante de novas notícias preocupantes sobre a economia da China, com uma novo dia de baixa no mercado acionário e o crescimento do país ficando abaixo das expectativas.
Ao mesmo tempo, entre os fundamentos, o mercado aguarda um novo boletim semanal de acompanhamento de safras dos EUA a ser divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final da tarde, alémd as informações do clima. Paralelamente, os dados do último boletim mensal de oferta e demanda reportados na sexta-feira, 11 de setembro, parecem já ter sido computados pelos traders.
*As cotações apresentadas na nossa página inicial ainda apresentam o fechamento da última sexta-feira porconta de um problema técnica. O mesmo já está sendo resolvido e logo os números estarão atualizados.
Veja como fechou o mercado nesta sexta-feira (11):
Soja: Mercado inicia a semana do lado positivo da tabela na Bolsa de Chicago nesta 2ª feira
O mercado internacional da soja fechou a semana em alta. Apesar de menos dias de negócios por conta do feriado nos Estados Unidos, da influência ainda forte do financeiro e da chegada de novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as posições mais negociadas na Bolsa de Chicago terminaram com ganhos de 0,89% a 0,92%.
Na sessão desta sexta-feira (11), os futuros da oleaginosa terminaram o dia próximos da estabilidade e em campo misto. O contrato novembro/15 ficou em US$ 8,74, o janeiro/16 em US$ 8,77 e o março/16 fechou com US$ 8,79 por bushel.
Durante toda a semana, o mercado internacional se preparou para a chegada do novo relatório mensal de oferta e demanda do USDA, que aconteceu nesta sexta-feira (11), com os traders garantindo um bom posicionamento. Além disso, puderam reagir ainda de forma positiva a uma retomada do mercado acionário asiático, que também voltou de um feriado com melhores perspectivas, amenizando o humor dos grandes investidores e permitindo um maior apetite ao risco.
Números do USDA e o reflexo sobre Chicago
Em seu último reporte mensal de oferta e demanda, o departamento agrícola norte-americano revisou para cima sua estimativa para a safra 2015/16 de soja de 106,58 milhões para 107,09 milhões de toneladas, número que ficou dentro das expectativas do mercado, porém, atingindo suas máximas. O número pesou sobre os preços, uma vez que os traders apostavam, novamente, em uma redução da produção nos EUA nesse reporte.
Além disso, os estoques finais da nova safra americana foram reduzidos - de 12,78 milhões para 12,25 milhões de toneladas -, porém, ainda assim ficaram acima da projeção média do mercado, e por isso também foram recebidos como um fator negativo sobre as cotações.
Ao mesmo tempo, alguns números da safra 2014/15 vieram para neutralizar esse impacto, como a redução dos estoques finais dos EUA de 6,53 milhões para 5,72 milhões de toneladas e o aumento das exportações de 49,7 para para 49,94 milhões de toneladas.
Porém, o USDA trouxe ainda o residual de soja da safra velha em 2,2 milhões de toneladas, volume este que, segundo explica o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, poderia ser computado, em algum momento, nos estoques finais norte-americanos.
"Esta é uma soja que está em trânsito e, e algum momento, esse volume terá que aparecer nos números do USDA. E é muito provável que esse residual venha para os estoques finais na revisão de números, fazendo com que seu volume aumente de 210 para 280 ou até 290 milhões de bushels. E esse estoque final da safra 2014/15 entra, na contabilidade, como o estoque inicial da safra 2015/16", diz.
No quadro mundial 2015/16, a safra de soja foi revisada para baixo, passando de 320,05 milhões para 319,61 milhões de toneladas, enquanto os estoques caíram de 86,88 milhões para 84,98 milhões de toneladas.
No quadro da América do Sul, pouca ou nenhuma mudança. A nova safra brasileira foi mantida em 97 milhões de toneladas e a argentina em 57 milhões. As exportações mantiveram as 54,5 milhões e 9,75 milhões de toneladas, respectivamente, enquanto os estoques finais foram revisados para 18,15 e 33,43 milhões de toneladas, menores do que os números do relatório anterior.
Assim, Araújo afirma ainda que o momento ainda é de falta de uma tendência bem definida para o andamento das cotações, seja no mercado em Chicago, seja no mercado interno brasileiro, já que será necessário o acompanhamento da conclusão da safra norte-americana e do desenvolvimento da nova temporada sulamericana.
"Ainda teremos que viver os rallies climáticos da América do Sul, o pré-plantio, um possível atraso com o efeito do El Niño, e isso tudo pode trazer algum rally de alta em Chicago no decorrer desse caminho", diz. "Em 30 anos de CBOT, as mínimas para os preços da soja ocorrem agora em setembro, depois disso, há uma recuperação dos preços", completa.
Mercado Brasileiro
No mercado brasileiro, a semana também conseguiu fechar com um balanço semanal positivo. Nos principais portos de exportação, as altas foram mais significativas para o produto disponível variaram de 1,25% a 2,44%. Assim, em Rio Grande, o último valor foi de R$ 83,80, enquanto em Paranaguá fechou com R$ 81,00 por saca. Já a soja da safra nova encerrou com R$ 79,00 e estável no terminal paranaense, e com R$ 81,50 no gaúcho.
Para os preços no interior do país, a semana também foi positiva. O destaque ficou, principalmente, nas praças do Sul do Brasil, onde os ganhos chegaram quase aos 3% nos últimos dias, e o valor da saca de soja chegando em Não-Me-Toque/RS, por exemplo, a R$ 70,50. Em São Gabriel do Oeste/MS, alta de 2,94% para R$ 70,00 e de mais de 1,5% nas praças de Mato Grosso, onde as últimas cotações variam entre R$ 66,50 e R$ 67,00 por saca.
O ritmo dos negócios, entretanto, não evoluiu muito durante os últimos dias, uma vez que, além da volatilidade das cotações em Chicago, o produtor brasileiro ainda se mostra bastante inseguro e reticente para voltar ao mercado diante do atual quadro político e econômico do país. Da safra 2015/16, já há pouco mais de 30% comercializados.
"Eu não diria que o momento é de tomar grandes decisões de venda olhando isoladamente Chicago, porém, se o produtor olhar a curva de dólar futuro, há um dólar para a safra de soja do ano que vem, abril eu diria, temos R$ 4,15, o que é muito favorável para o sojicultor que tem seus custos todos em reais. Mas, há uma realidade bem distinta para o produtor que tem seus custos em dólar e essa forte queda de Chicago acumulada nos últimos meses não proporciona retorno financeiro em dólar para o sojicultor, principalmente aqueles que estão mais distantes dos portos", orienta Marcos Araújo.
Na semana, a moeda norte-americana acumulou uma alta de 0,43% sobre o real, segundo informou a agência de notícias Reuters. Nesta sexta, o ganho foi de 0,69%, com fechamento de R$ 3,8771, o mais alto desde 23 de outubro de 2002. Além das preocupações com o quadro interno do Brasil, ainda de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters, há uma tentativas do investidores de se protegerem antes de eventos importantes esperados para os próximos dias no quadro macroeconômico.