Na sessão desta sexta-feira (2), o mercado da soja na Bolsa de Chicago dá continuidade ao movimento negativo exibido ontem e, por volta das 7h40 (horário de Brasília), os principais vencimentos perdiam pouco mais de 2 pontos. Assim, o indicativo para a safra dos EUA, novembro/15, valia US$ 8,74 por bushel.
Os traders continuam acomodando os preços diante de fundamentos fortes tanto no quadro da oferta quanto da demanda. Para alguns analistas e consultores, o mercado trabalha, nesse momento, em uma faixa estreita entre US$ 8,70 e US$ 8,90, motivando compras ou vendas de posições na medida em que que as cotações se aproximam de um dos dois patamares.
O avanço da colheita e os satisfatórios índices de produtividade vêm reforçando as expectativas da grande safra dos EUA, que deve ficar na casa das 107 milhões de toneladas e os preços sentem a pressão com a chegada dessa nova oferta. Por outro lado, as notícias vindas de vendas de soja dos EUA também foram positivas nas últimas sessões do mercado.
Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:
Soja: Preços no Brasil fecham sem direção comum frente à queda na CBOT e alta do dólar nesta 5ª
O mercado internacional da soja passou a trabalhar em queda no início da tarde desta quinta-feira (1) e acentuou de forma expressiva as baixas entre os principais vencimentos negociados na Bolsa de Chicago, que terminaram o dia caindo entre 11,50 e 14,75 pontos. Assim, novamente a primeira posição - o novembro/15 - voltou para a casa dos US$ 8,70 e as mais distantes para o patamar dos US$ 8,80 por bushel.
Os fatores técnicos e os gráficos indicavam um mercado em alta, segundo reportou, em nota, a vice-presidente da internacional Wedbush Securities, Helen Pound. No entanto, o mercado foi perdendo força ao longo do dia e intensificou sua realização de lucros após ós últimos ganhos da commodity. Assim, os negócios não resistiram, nem mesmo mesmo, aos bons números que chegaram da demanda no início do dia.
E esse movimento por parte dos fundos de investimento de deixar suas posições na soja, segundo explicou a analista internacional Julianne Johnston, do portal ProFarmer, se deu em função de uma ainda preocupação dos traders com a real situação da economia mundial, mas, principalmente, as expectativas para a grande safra dos Estados Unidos, que deve ficar na casa de 107 milhões de toneladas, de acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
E essa preocupação ganha mais peso na medida em que a colheita no país avança e, ao mesmo tempo, chegam bons reportes de produtividade das lavouras norte-americanas. O cenário climático para a conclusão da temporada 2015/16 ainda se mostra bastante favorável e, assim, esses fundamentos seguem pesando sobre os negócios, já que favorecem cada vez mais a chegada ao mercado da nova oferta do país. Até o último domingo (25), 21% da área de soja cultivada nos EUA já havia sido colhida.
"Soma-se como fator baixista os reportes cada vez mais contínuos de excelentes rendimentos para Soja em vários estados. A regularidade de muitos reportes só não é mantida nos estados do leste do Cinturão (Ohio e Indiana)", relata a analista de mercado Andrea Sousa Cordeiro, da Labhoro Corretora.
USDA - Números de Venda
O USDA trouxe, também nesta quinta, (1), seu novo reporte semanal de vendas para exportação com um um grande volume para a soja. As operações da semana que terminou no último dia 24 para a safra 2015/16 somaram 2,506 milhões de toneladas. Do total, a maior parte - 1.178,4 milhão - foi adquirida pela China.
O total superou o registrado na semana anterior, de 1,316 milhão de toneladas. As expectativas do mercado, porém, nesta semana não caminharam em uma direção comum, com algumas variando de 1,2 milhão a 4 milhões de toneladas, outra de 1,3 milhão a 1,7 milhão de toneladas. No entanto, todas eram elevadas em função do acompanhamento do mercado aos acordos firmados entre China e Estados Unidos na última semana.
No acumulado do ano comercial 2015/16, as vendas norte-americanas já somam 20.798,4 milhões de toneladas, contra 28,7 milhões, aproximadamente, no mesmo período do ano anterior. Entretanto, essa diferença expressiva entre as temporadas é justificável, como explicou o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.
"O ritmo recorde do ano passado tem várias motivações, entre elas, a safra recorde norte-americana, os estoques muito baixos da safra anterior e a forte concorrência da América do Sul que é observada neste ano", diz.
Além disso, o USDA anunciou, ainda hoje, uma nova venda para a China de 120 mil toneladas de soja em grão da safra 2015/16 dos EUA.
Mercado Brasileiro
No Brasil, dia de poucos negócios. O produtor, que neste momento está bem capitalizado, aguarda por novos picos e melhores oportunidades de venda, como relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Em Rio Grande, a soja da safra velha fechou o dia com R$ 85,20 por saca, perdendo, 2,07%, enquanto isso, em Paranaguá, estabilidade nos R$ 82,00. Já o produto da nova safra terminou os negócios também com R$ 82,00 no porto paranaense, estável, enquanto caiu 2,71% no gaúcho, para R$ 82,70/saca.
Afinal, os preços nos portos brasileiros chegaram à casa dos R$ 90,00 por saca nas últimas semanas e, com o dólar perdendo força e a volatilidade dos futuros em Chicago, recuaram. Já no interior do Brasil, os impactos são menos agressivos, já que a demanda interna registra um bom momento e o volume disponível de soja é bastante ajustado.
No interior do país, baixa de 1,35% para R$ 73,00 em Não-Me-Toque/RS, para R$ 73,00, e de 1,39% em Cascavel/PR, para R$ 71,00. Já em Ubiratã e Londrina, também no Paraná, ganho de 0,71% para R$ 71,00. Nas demais, as cotações permaneceram estáveis, com o destaque ainda para Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, com R$ 82,00 por saca no disponível.
Nesta quinta-feira, o dia foi de estabilidade para o dólar frente ao real. A moeda fechou com uma leve alta de 0,93% e valendo R$ 4,0024 na venda. Na mínima da sessão bateu em R$ 3,9378 e, na máxima, R$ 4,0210. O foco dos investidores ainda é o mesmo e permanece no desenrolar do quadro político e econômico do Brasil.
Exportações Brasileiras
Entre janeiro e setembro, o Brasil exportou 49,5 milhões de toneladas, de acordo com os números trazidos pela Secretaria do Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O volume já supera as 45,66 milhões de toneladas embarcas para o exterior em todo o período de janeiro a dezembro de 2014.
Para alguns analistas, no entanto, os embarques até o último mês poderiam ter alcançado os 50 milhões de toneladas, dada a forte demanda pelo produto brasileiro mais competitivo nesse momento frente à alta do dólar, porém, o movimento pode ter sido afetado pela greve dos fiscais federais que já dura 14 dias, e conta com a adesão de 70% dos trabalhadores.
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) a greve já impede o desembarque no exterior de algumas cargas brasileiras de milho, soja e algodão que ainda não receberam um certificado fitossanitário.