Na sessão desta segunda-feira (19), o mercado internacional da soja opera, mais uma vez, com oscilações bastante tímidas e campo misto. As baixas e altas, porém, não chegavam a um ponto na Bolsa de Chicago. Por volta das 8h (horário de Brasília), enquanto o contrato novembro/15 perdia 0,25 ponto e era cotado a US$ 8,98 por bushel, o maio/16 subia 0,25 ponto, valendo US$ 9,09.
De olho nos fundamentos, os traders aguardam, para esta segunda, os boletins semanais de acompanhamento de safras e embarques semanais, ambos que serão reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), além de receber da economia chinesa.
No terceiro trimestre de 2015, o crescimento da China superou as expectativas ao registrar 6,9%. E apesar desse número forte e expressivo, foi, como noticiou a agência Reuters, a expansão mais lenta desde a crise financeira global. Na comparação trimestral, o crescimento foi de 1,8 por cento, informou a Agência Nacional de Estatísticas nesta segunda-feira.
O mercado em Chicago especula ainda as últimas informações sobre a nova safra da América do Sul, principalmente o início dos trabalhos de campo no Brasil e em que condições climáticas acontecem.
* Lembrando que, com o início do horário de verão no Brasil, o fechamento do mercado internacional passa a ser às 16h30 (horário de Brasília).
Veja como fechou o mercado na última semana:
Soja: Preços no Brasil têm alta de até 6% na semana; mas ritmo lento de negócios no mercado nacional
Apesar de agitada e volátil, a semana foi positiva para os preços da soja tanto no mercado internacional quanto no nacional. Na Bolsa de Chicago, as posições mais negociadas fecharam com ganhos de mais de 1%, enquanto entre portos e interior do país, as cotações subiram de 1,38% a 6,94%.
Afinal, ao lado dessas altas, o dólar encerrou a semana com um ganho acumulado de 3,05% e cotado a R$ 3,8735. A moeda norte-americana acabou disparando 2% em relação ao real na sessão desta sexta-feira (16) ainda pressionado, como noticiou a agência Reuters, pelo incerto e preocupante cenário político e econômico do Brasil.
Mercado Nacional
No Brasil, apesar dessas boas altas, que encontram estímulo também nos prêmios pagos pela soja nos portos brasileiros, o ritmo de negócios foi bem mais lento do que nas últimas semanas. Da safra 2015/16, os produtores brasileiros já venderam cerca de 40% e com valores ainda mais atrativos do que os atuais.
Assim, como explicam os analistas, o foco dos produtores se volta para o início do plantio da nova temporada, o qual, inclusive, já enfrenta algumas dificuldades, como as chuvas irregulares no Centro-Oeste do Brasil, ou o excesso de precipitações no extremo sul do país. Em ambos os casos, as condições acabam travando os trabalhos de campo.
Assim, em Rio Grande, a soja disponível fechou com alta de 3,32% para R$ 84,00 por saca, enquanto em Paranaguá, o preço se manteve estável em R$ 81,00. Já para o produto da nova safra foi registrado um ganho de 4,80% e 2,50%, respectivamente, para valores de R$ 83,00 e R$ 82,00 por saca. O destaque entre os portos, no entanto, foi o terminal de Santos, onde o preço subiu 7,07% para R$ 83,30.
Já no interior, os ganhos foram mais tímidos. Em Ubiratã e Londrina/PR, alta de 2,19% para 70,00 por saca; em Não-Me-Toque/RS, ganho de 1,38% para R$ 73,50 e em São Gabriel do Oeste, o valor final da semana foi de R$ 71,00, com alta de 1,43%. Já em praças como a de Campo Novo do Parecis/MT e Luís Eduardo Magalhães/Ba, os preços cederam e ficaram em, respectivamente, R$ 67,00 e R$ 79,00 por saca.
"Nem todo dia é dia de negócio", disse o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, explicando que o total já comercializado da nova safra brasileira foi bem vendido, principalmente para aqueles produtores que têm suas dívidas em reais. Assim, diante de tamanha incerteza sobre o câmbio, a postura mais retraída do produtor neste momento acaba sendo acertada e cautelosa.
Mercado Internacional
Na sessão desta sexta-feira, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam com baixas de pouco mais de 5 pontos entres os principais vencimentos, porém, na semana, a oleaginosa acumulou ganhos de 1,16% a 1,42% entre as posições mais negociadas. O contrato novembro terminou valendo US$ 8,98 por bushel, enquanto o maio/15, referência para a safra americana, encerrou com US$ 9,09 por bushel.
Segundo explicou o analista de mercado Bob Burgdorfer, do site internacional Farm Futures, os ganhos semanais resultaram de bons números vindos da demanda, principalmente aqueles referidos às exportações norte-americanas, e do último boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) deste mês de outubro que revisou para baixo a nova safra norte-americana.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou, nesta sexta-feira (16), a venda de 270 mil toneladas de soja da safra 2015/16 para destinos desconhecidos. Este foi o terceiro anúncio da semana, os dois totalizaram uma compra de 475 mil toneladas da commodity norte-americana pela China.
Além disso, o mercado recebeu ainda as últimas atualizações sobre as vendas semanais para exportação dos Estados Unidos com números ainda fortes. Os EUA venderam, na semana encerrada em 8 de outubro, 1.476,8 milhão de toneladas de soja em grão da safra 2015/16, enquanto as projeções dos traders oscilavam entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas. O número é ligeiramente maior do que o registrado na semana anterior, de 1.284,6 milhão, e o principal destino foi a China, comprando 1.143,4 mi de t do total.
No acumulado da temporada, as vendas norte-americanas da oleaginosa já somam 23.559,8 milhões de toneladas, volume 23% menor do que o registrado no mesmo período do ano comercial anterior.
Afinal, como noticiado também pelo USDA, a demanda internacional se mantém concentrada no produto brasileiro, já que é o mais barato nesse momento diante da expressiva desvalorização do real dos últimos meses. De janeiro a setembro, o Brasil exportou 50,7 milhões de toneladas de soja em grão, registrando um novo recorde.
Paralelamente, atenção à colheita evoluindo nos Estados Unidos e à retração vendedora dos produtores norte-americanos, segundo sinalizam analistas nacionais e internacionais.
Até o último domingo (11), os trabalhos de campo da oleaginosa já estavam concluídos em 62% da área norte-americana, número que ficou acima da média dos últimos cinco anos, de 54%, e bem acima do que o registrado no mesmo período de 2014, quando apenas 37% da área já havia sido colhida. Os números também são do USDA e serão atualizados nesta segunda-feira próxima, 19 de outubro.
De acordo com as últimas previsões do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, as condições devem ser de tempo seco na maior parte do Corn Belt até domingo, porém, algumas chuvas podem ser registradas em Minnesota e no norte de Iowa. Já para os próximos sete dias, as chances são de leves precipitações por todo o Meio-Oeste.
Ao mesmo tempo, ainda entre os fundamentos de clima, o cenário na América do Sul também se tornou alvo de especulação entre os traders do mercado internacional. Com a colheita evoluindo bem nos Estados Unidos, trazendo bons níveis de produtividade e a safra praticamente definida, o cenário climático sulamericano passa ser alvo de fortes especulações entre os traders e de atenção entre os produtores, especialmente neste ano, que é de El Niño.
"Caso tenhamos problemas mais sérios no Brasil e outros países da América Latina, e efetivamente complicados, acredito que toda a dinâmica do mercado por aqui possa mudar completamente, bem como a atitude dos traders, dos investidores", disse o vice-presidente da consultoria internacional Price Futures Group, de Chicago, Jack Scoville, em entrevista ao Notícias Agrícolas. "Ao passo em que avançamos com a nossa colheita, vamos voltando às atenções para a América do sul", completa.