No início da tarde desta sexta-feira (15), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago vinham ampliando suas baixas que, em algumas posições, passavam dos 10 pontos, por volta das 13h (horário de Brasília). Assim, o contrato março/16, o mais negociado no momento, era cotado a US$ 8,73 por bushel, e o maio/16, referência para a safra brasileira, era negociado a US$ 8,74.
Analistas internacionais atribuem às baixas a três fatores principais: a nova baixa do petróleo que levou os preços para menos de US$ 30,00 por barril, a nova despencada das bolsas chinesas e a melhora generalizada das condições de clima no Brasil.
O recuo no petróleo intensificou o mau humor do mercado financeiro global e, como explicaram os analistas da Agrinvest Commodities, "dispararam as vendas de ativos de risco como ações e moedas de países exportadores de commodities". No acumulado da semana, os futuros do combustível já perderam 10% e renovaram suas mínimas em 13 anos.
Clima no Brasil
No Brasil, ainda chove muito e de forma generalizada, com os maiores acumulados sendo registrados na faixa central do país. E de acordo com as últimas previsões da Climatempo, esse deve ser o padrão, pelo menos, até o próximo dia 20 de janeiro.
No entanto, não são só benefícios que são contabilizados com essa mudança no quadro climático. Segundo um relato de Rodrigo Herval no espaço do Fala Produtor, do Notícias Agrícolas, o excesso de precipitações em regiões como a do Triângulo Mineiro, Alto Parnaíba, Noroeste de Minas Gerais e mais o Sul do Goiás já comprometem o andamento dos trabalhos de campo, além de favorecerem a incidência de doenças de início de ciclo. As áreas sofrem ainda com o ataque de lagartas e percevejos.
O cenário se repete em campos do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, além das perdas irreversíveis que foram contabilizadas em regiões como o MATOPIBA e importantes municípios produtores de Mato Grosso por conta do tempo seco das última semanas.
No entanto, os problemas de uma extremamente irregular safra brasileira ainda têm impacto limitado sobre os preços, com os fatores externos - como o petróleo, nesta sexta-feira - ganhando terreno nas negociações internacionais.
Dólar e Preços no Brasil
E se no Brasil o suporte para as cotações não vem do andamento dos valores em Chicago, o dólar em alta - também refletindo os investidores muito avessos ao risco e buscando ativos mais seguros - compensa, mesmo que parcialmente, essas baixas mais agressivas.
Na tarde desta sexta-feira, tanto a soja disponível quanto a da nova safra brasileira mantinham bons patamares e contavam com referências de, respectivamente, R$ 85,00 e R$ 82,00 por saca. Em ambos os casos, os preços eram apenas R$ 0,50 menores do que os registrados no fechamento do dia anterior.
"Mais uma vez, o movimento global é de alta do dólar. A tranquilidade de ontem durou pouco", disse à Reuters o operador da corretora Intercam Glauber Romano. Por volta das 13h30 (Brasília), a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,043, com alta de 1,12%.