Os futuros da soja operam, novamente, com estabilidade na sessão desta quarta-feira (27) na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos, porém, testavam uma ligeira alta de pouco mais de 1 ponto no início da manhã. E assim, o contrato março/16, o mais negociado nesse momento, era cotado a US$ 8,78 por bushel.
Os dias têm sido, no quadro internacional, de baixo volume de negócios e oscilações ainda bastante tímidas diante da falta de novidades que possam tirar os preços de um intervalo entre suporte e resistência ainda bem definido. O comportamento do mercado, como explicam analistas, ainda segue bastante técnico, portanto.
O foco principal segue mantido sobre a nova safra da América do e a força da demanda da China.
No Brasil, o mercado interno se mantém descolado de Chicago. As atenções, além da boa demanda pelo produto nacional, se voltam para o andamento do dólar que, apesar de ter registrado as últimas três sessões de baixa, ainda opera acima dos R$ 4,00 e dá suporte aos preços domésticos.
Além disso, os prêmios pagam pela soja brasileira, de 55 a 20 centavos de dólar sobre as cotações em Chicago e atuam com mais um fator positivo para o produtor brasileiro que, complementando o quadro, tem retraído suas vendas, observando o mercado e após já ter comprometido um elevado percentual se sua safra antecipadamente.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja: Disponível fecha com preços entre R$ 81 e R$ 85,50 com suporte da demanda, prêmios e dólar
Nesta terça-feira (26), o dólar, que ainda tem sido um dos mais importantes vetores na formação dos preços da soja no Brasil, voltou a cair frente ao real. A moeda norte-americana encerrou o dia caindo 0,78% para R$ 4,07 e, na mínima do dia, bateu em R$ 4,05. Por outro lado, os prêmios pagos pelo produto brasileiro, outro importante componente para as cotações, seguem positivos e atuando em patamares elevados, ajudando no equilíbrio dos valores praticados, portanto, no mercado nacional. Entre as principais posições de entrega, os valores variam de 55 a 20 centavos de dólar acima dos valores praticados na CBOT.
O quadro, portanto, ao lado de uma demanda forte, tanto externa quanto interna, segue trazendo suporte às cotações. Afinal, embora o dólar tenha registrado alguma baixam, ainda se mantém acima dos R$ 4,00, contribuindo não só para os preços, mas para a competitividade do grão do Brasil. Assim, e com mais um dia de mercado fraco para a soja na Bolsa de Chicago, os preços nos portos mantiveram certa estabilidade. Em Rio Grande, a disponível fechou os negócios com R$ 85,50, enquanto em Paranguá foi a R$ 81,00. Para o produto da nova safra, as últimas referências desta terça foram de R$ 83,50 e R$ 79,00, respectivamente. No interior do país, poucas mudanças também.
As operações, entretanto, seguem caminhando a passos lentos e sem avançar muito, já que os produtores brasileiros, que já venderam cerca de 50% da safra 2015/16, optam por não efetivar novas fixações nesse momento - embora os preços, segundo explicam analistas, ainda sejam atrativos e tragam renda ao setor. Do mesmo modo, os compradores seguem ávidos pelo produto brasileiro, que tem sua competitividade favorecida pelo câmbio, porém, também cautelosos e à espera de uma melhor definição do mercado. Ainda assim, é consenso entre esses analistas, que o mercado brasileiro continua descolado de Chicago.
Em Chicago
Na Bolsa de Chicago, a sessão desta terça-feira terminou com as posições mais negociadas perdendo pouco mais de 2 pontos e registrou um novo dia de estabilidade, levando o contrato maio/16, referência para a safra brasileira, a encerrá-la com US$ 8,78 por bushel. "E tem sido assim nos últimos dias, o mercado não conta com muitas novidades", explica Camilo Motters.
Segundo o analista e economista da Granoeste Corretora de Cereais, os traders internacionais se mantêm focados em dois principais direcionadores para os preços, sendo eles a demanda chinesa e a produção sulamericana. E em ambos os casos, apesar das especulações, as novidades são poucas.
A safra 2015/16 da América do Sul passa a contar agora, na maior parte das regiões produtoras, com condições de clima mais favoráveis para o desenvolvimento e conclusão das lavouras de soja e, portanto, perde o peso entre as negociações internacionais. "A safra do Brasil deve ficar abaixo das 100 milhões de toneladas, segundo relatos que chegam do campo e de consultorias, precisamos ficar atentos para saber como o mercado vai reagir a isso", diz Motter.
E sobre a demanda chinesa por soja, o analista acredita em força, continuidade e vigorosas compras nesse novo ano, mesmo diante do elevado grau de nervosismo que ainda ronda os negócios no mercado financeiro da China. 2015 terminou com compras recordes da oleaginosa por parte da nação asiática, da ordem de 81,7 milhões de toneladas, e órgãos locais estimam um volume para 2016, ainda segundo relata Camilo Motter, que poderia chegar as 85 milhões de toneladas.
O consumo de alimentos no país é consistente, bem como as projeções para as importações de itens básicos de sua pauta comercial. Além disso, os preços das commodities nos patamares atuais, mais baixos do que os registrados há alguns anos, acabam por beneficiar o consumo local, além de contribuir com uma economia anual de US$ 460 bilhões ao país.
Paralelamente, seguem as expectativas para a nova safra dos Estados Unidos. Entre os especialistas nacionais e internacionais, dois sentimentos são comuns: as condições climáticas do Corn Belt deverão ser favoráveis durante o plantio, de acordo com as últimas previsões, mas a nova temporada deve ter menos investimentos do que em anos anteriores. Os atuais preços da oleaginosa não cobrem os custos de produção e, para garantir sua produtividade, os produtores norte-americanos precisariam cortar gastos.