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LEITE - Preço ao produtor chega a R$ 2,13/litro e renova recorde histórico ( média Brasil)

30/09/2020 08:14
Confira o preço atualizado pelo Cepea em 30/09

O preço do leite captado em agosto e pago ao produtor em setembro aumentou 9,7% frente ao mês anterior (ou 18 centavos) e chegou a R$ 2,1319/litro na “Média Brasil” líquida, renovando, portanto, o recorde real da série histórica do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Assim, o preço médio deste mês está 51,4% superior ao registrado em setembro do ano passado, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de agosto/20).

De acordo com pesquisas do Cepea, o preço do leite no campo registra alta acumulada de 56,4% desde o início deste ano. Essa expressiva valorização é explicada pela maior concorrência das indústrias de laticínios pela compra de matéria-prima, já que a produção de leite segue limitada.  Mesmo com os preços do leite elevados, a produção tem crescido pouco em relação à demanda e o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) registrou avanço de 3,9% de julho para agosto.

O aumento das cotações ao produtor entre março e agosto é um fator sazonal, já que a captação de leite é prejudicada pela baixa disponibilidade de pastagens, em decorrência da diminuição das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste. Mas, neste ano, a situação foi agravada.

Do lado da produção, deve-se destacar que as condições climáticas estiveram mais severas em 2020, com destaque para a estiagem no Sul do País, que impactou negativamente sobre a atividade leiteira. Também é preciso dizer que o aumento nos custos de produção em relação ao ano anterior tem dificultado os investimentos na produção. Somado a isso, a atípica queda de preços ao produtor em maio (diante das incertezas no mercado início da pandemia) deixou os pecuaristas mais cautelosos – muitos secaram as vacas ou diminuíram os investimentos. Essas ações no passado dificultaram a retomada do crescimento da produção, já que a atividade leiteira é diária e seu planejamento tem efeitos tanto imediatos quanto nos meses posteriores.

 Outro motivo é a redução considerável dos estoques de derivados lácteos. Isso está atrelado à recuperação do consumo, ancorado nos programas de auxílio emergencial. Há, também, que se destacar que, no primeiro semestre, o volume de importações de lácteos foi enxuto, devido à desvalorização do Real frente a moedas estrangerias – o que contribuiu para a demanda superar a oferta e para a concorrência acirrada das indústrias de laticínios na compra de matéria-prima.

 

EXPECTATIVA – De acordo com agentes de mercado, o movimento de alta no campo deve perder força nos próximos meses. Isso porque o final da entressafra se aproxima com o início da primavera e com condições climáticas mais favoráveis para a produção leiteira. Além disso, a indústria tem aumentado as importações de lácteos, visando diminuir a disputa pela compra de matéria-prima. Como consequência dessa expectativa de maior disponibilidade de leite e derivados, pesquisas do Cepea mostram que o preço médio do leite spot em Minas Gerais se elevou apenas 0,2% na primeira quinzena de setembro e recuou 5,5% na segunda quinzena do mês, chegando a R$ 2,61/litro.

O acompanhamento diário das negociações de derivados durante a primeira quinzena de setembro também indicou desaceleração dos preços, devido à pressão dos canais de distribuição e ao endurecimento das negociações. Na parcial de setembro (considerando-se preços até o dia 29), as quedas nos valores médios da muçarela e do leite UHT negociados no estado de São Paulo foram de respectivos 1,5% e de 3,3%. Assim, existe uma tendência de estabilidade-queda para o preço do leite captado em setembro e a ser pago em outubro.

 

 

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de julho/2020)

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Estado

Mesorregião

Preço líquido médio do menor estrato de produção
(< 200 l/dia)

Preço líquido médio

Preço líquido médio do maior estrato de produção
(> 2000 l/dia)

Variação mensal do preço líquido médio

 
 
 

RS

Média Rio Grande do Sul

1,8252

1,9996

2,1816

7,82%

 

SC

Média Santa Catarina

1,9445

2,0635

2,2165

7,93%

 

PR

Centro Oriental Paranaense

1,6923

1,9315

1,9563

4,90%

 

PR

Oeste Paranaense

1,9014

2,1174

2,2574

8,37%

 

PR

Média Paraná

1,8775

2,0682

2,1515

8,72%

 

SP

São José do Rio Preto

1,8969

2,0974

2,2987

10,02%

 

SP

Campinas

1,8272

2,0607

2,1112

9,53%

 

SP

Média São Paulo

1,8762

2,0172

2,1434

9,34%

 

MG

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba

2,0199

2,2522

2,3375

11,05%

 

MG

Sul/Sudoeste de Minas

1,9572

2,1282

2,2131

10,21%

 

MG

Vale do Rio Doce

1,8754

1,9901

2,1327

10,96%

 

MG

Metropolitana de Belo Horizonte

1,8253

2,0936

2,2609

10,15%

 

MG

Zona da Mata

1,9153

2,0623

2,2149

11,92%

 

MG

Média Minas Gerais

1,9348

2,1540

2,2732

10,50%

 

GO

Sul Goiano

2,0419

2,2350

2,3383

9,99%

 

GO

Média Goiás

2,0960

2,2541

2,3302

9,60%

 

BA

Média Bahia

1,9073

1,9924

2,0943

7,52%

 

BR

Média BRASIL

1,9391

2,1319

2,2599

9,75%