A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) promete novas operações de apoio ao escoamento de trigo produzido no Sul do país nesta semana. O órgão governamental fará dois leilões. O primeiro será um Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural ou suas Cooperativas (Pepro) de 137,5 mil toneladas. Em seguida, a Conab fará um Prêmio para o Escoamento de Produto (PEP) para 52,5 mil toneladas do cereal. Os dois leilões são de produto da safra 2016/17.
No ano passado, os produtores brasileiros produziram 6,7 milhões de toneladas de trigo e consumiram 10,7 milhões. As importações ficaram em 5,95 milhões, segundo dados da Conab. Neste ano, o cenário para o produtor brasileiro poderá não repetir o do ano passado, pelo menos no que se refere a preços. A Argentina, principal fornecedora do Brasil, esteve sem trigo nos últimos ANOS, devido à redução de área e quebra de safras. Com isso, parte do trigo vinha de regiões de fora do Mercosul, com taxas e preços mais elevados. Essas importações e a oferta menor de produto no mercado interno favoreciam os preços pagos aos produtores.
A partir deste ano, os argentinos voltam firme ao mercado. A produção Argentina está estimada em 15 milhões de toneladas, com possibilidade de exportações de 9 milhões desse volume. Mas não é apenas a Argentina que terá elevação na produção. União Europeia (144 milhões de toneladas), Rússia (73 milhões) e Austrália (33 milhões) ajudarão a elevar o volume mundial de 2016/17 para 753 milhões de toneladas.
Com consumo mundial de 743 milhões, os estoques no final da safra 2016/17 podem atingir 253 milhões de toneladas. Os estoques dos Estados Unidos vão para 32 milhões de toneladas, maior volume desde os anos 1980, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda). A União Europeia terminará a safra com estoques de 10 milhões de toneladas.
O Brasil não produz trigo suficiente para o consumo interno, mas nem sempre esse déficit atua a favor do produtor nacional, principalmente quando se tem uma oferta tão grande de produto no exterior.