Durante o encerramento da quarta edição do programa Desafio Soja 200+, promovido pelo DETEC/Departamento Técnico da Coprossel, foi realizado uma importante palestra para esclarecer dúvidas e orientar os agricultores da região sobre o “Mofo Branco”, que atingiu várias lavouras durante este ciclo.
A preocupação com a doença vem crescendo a cada ano, mesmo em áreas que nunca tiveram soja. Acredita-se que a transmissão através de sementes seja o principal veículo de disseminação da doença. Outra forma de disseminação é por meio das fezes de animais alimentados com resíduos de beneficiamento de sementes contaminadas com escleródio da doença. Nestes dois casos, a disseminação na área é homogênea, causando um grande impacto de perdas logo no primeiro ano de cultivo.
O palestrante Doutor Arthur Soares, gerente de pesquisas da empresa SIMBIOSE, disse que o Mofo Branco é causado por um fungo (S. sclerotiorum) e ataca muitas espécies, dentre elas a cultura da soja. O contágio do fungo pode ser feito de outras maneiras, como pela disseminação dos ascósporos pelo vento ou até mesmo com máquinas agrícolas, que ao passarem por áreas contaminadas pelo fungo, podem transportar os escleródios. Uma vez introduzido na área, o Mofo Branco pode ficar por mais de 10 anos no solo, comprometendo as lavouras que serão trabalhadas no local.
No caso da soja, o Mofo Branco ataca especialmente a haste principal, hastes laterais e as vagens. No caso do ataque à haste principal, a morte da planta pode ocorrer rapidamente caso não se faça um manejo preventivo. Os sintomas iniciais causados pelo Mofo Branco na soja são manchas de aspecto encharcado, que podem afetar toda a parte aérea da planta. Em condições de alta umidade, forma-se o micélio branco do fungo sobre o tecido afetado, as lesões se alastram, podendo evoluir até a morte da planta. A partir do micélio, são formados inúmeros escleródios nas partes externa e interna das plantas. Na colheita, muitos desses escleródios caem no solo, o que gera a contaminação da cultura que será plantada na próxima safra.
O manejo integrado envolve várias ferramentas visando o controle da doença. Estas ferramentas estão presentes antes mesmo da semeadura da soja. O produtor deve seguir as indicações de cada parte do processo de maneira correta para garantir o controle da doença.
Entre os passos do manejo integrado, destaca-se, por exemplo, o uso de sementes certificadas. Com isso, o produtor consegue garantir que não estão sendo trazidos ao campo novos escleródios, já que para que a semente seja certificada é necessário que não haja nenhum vestígio de contaminação. Outro caminho para evitar a contaminação por meio da semente é o seu tratamento antes da semeadura, ferramenta essencial para a garantia de stand no campo e controle de possíveis novos focos de mofo branco provenientes da semente contaminada.
A escolha de variedades com maior grau de resistência à doença também é importante. Recomenda-se ainda a formação de palhada, que é uma barreira física para a germinação de escleródios no solo. A limpeza dos implementos agrícolas é outro aspecto de extrema importância para evitar que esses equipamentos carreguem ou disseminem o fungo.
O controle químico é recomendado, preferencialmente, de forma preventiva, para obter a melhor eficiência do produto. O fungicida deve atingir hastes, ramos, folhas, flores e pétalas, com cobertura adequada, e é preciso repetir aplicações, conforme o monitoramento indicar necessidade, seguindo recomendações do fabricante.