A combinação de estoques altos e redução do consumo derrubou o preço da saca de feijão na semana passada. O carioca iniciou a semana a R$ 120,77 e fechou a sexta-feira a R$ 99,60. A maior queda foi registrada na última quinta-feira (-15,79%). A retração também pode estar associada à divulgação do preço mínimo para a safra 2017/2018 pelo governo federal, que ficou abaixo do esperado pelos produtores.
A área plantada cresceu 7%, e a produção aumentou 19% em relação ao ano passado. Isso, somado à entrada de feijão da Argentina, de qualidade superior ao paranaense, e de Minas Gerais e Goiás, puxou o preço da saca para baixo. “O mercado está travado. Ninguém está fazendo estoque. Isso derruba o preço. Outro ponto é que a qualidade do feijão está muito ruim, por causa das chuvas no período da colheita. O consumo também caiu. Não se está conseguindo repassar a produção ao varejo”, explica Methodio Groxko, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento).
O professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e ex-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Eugênio Stefanelo, afirma que além da redução do consumo per capta do produto, o fenômeno da semana passada pode ter relação com a divulgação dos preços mínimos do cereal pela Conab. “Havia uma especulação de queda, que se confirmou na quarta-feira (19). A leitura que o mercado fez foi que o governo retirou a sustentação de preço”, afirma Stefanelo.
O preço da saca do feijão preto foi fixado em R$ 76,40, e o de cor, em R$ 82,96. “Queira ou não, o preço mínimo é um balizador de mercado. E o mercado promoveu o reajuste”, comenta o professor.
Sustentabilidade
O feijão de cor estava oscilando entre R$ 122 e R$ 127 a saca e o preto entre R$ 120 e R$ 126. o feijão preto continua em patamares de R$ 120 a R$ 123/saca. A queda foi mais acentuada no carioca (R$ 99,60). “A perda de sustentabilidade do preço mínimo colaborou, mas a explicação principal é o mercado. Tem muito feijão em estoque”, afirma.
O País tem um suprimento de 3,700 milhões de toneladas, mas o consumo interno gira em torno de 3,350 milhões de toneladas/ano. “Foi isso que o mercado leu.” Como o carioca tem uma vida curta, o produtor não poderá segurar o grão para forçar uma alta do preço. “Sentar em cima do feijão é dar um tiro no pé”, avalia o professor.