No Brasil a alimentação representa o maior custo da produção leiteira e também a maior preocupação dos produtores. Em torno de 70% de todo valor gasto é destinado à alimentação. O custo é alto porque o setor da pecuária é dependente principalmente da disponibilidade de alimentos para os animais em produção. O verão é o período em que se produz maior volume de alimento conservado, especialmente a silagem de milho. No período de inverno temos grande ociosidade de áreas e, para minimizar a sazonalidade e gerar maior segurança dentro da propriedade, o trigo pode entrar no sistema produtivo como alternativa e oportunidade de intensificação da produção de alimento conservado.
Após sete anos de pesquisa, a Biotrigo Genética, maior empresa de melhoramento de trigo do país, desenvolveu três cultivares de trigo específicas para alimentação animal. Duas cultivares de trigo são específicas para pré-secado e silagem: TBIO Energia I e TBIO Energia II. Sem a presença das aristas, o animal não se fere ao ingerir o cereal, tornando a dieta de alto teor de proteína e volume e rica em amido e energia. O zootecnista e Técnico em Novos Negócios da Biotrigo Genética, Ederson Henz, explicou que a silagem produzida pelas variedades pode aumentar os ganhos na produção leiteira ao substituir em até 100% do volumoso e para vacas leiteiras de alta produção, até 50% do volumoso. “O fato de a cultivar não apresentar aristas torna o alimento mais palatável, não vindo a ferir o trato digestivo do animal quando comparado a um trigo comum. Já o pré-secado é uma opção para vacas lactantes de alta produtividade, contribuindo como ótima fonte de proteína e energia, associado a alta digestibilidade, sendo convertido em leite”, explica.
O que diferencia as cultivares é o projeto de exploração e a localização de cultivo. Para as regiões mais frias, como a região sul do Paraná e os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a indicação é o TBIO Energia I. A cultivar está em multiplicação nesta safra e em 2018 chega para os agricultores. Já o TBIO Energia II chega ao mercado em 2019 para ser semeado nas regiões quentes, como norte e oeste do Paraná, São Paulo, sul de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
No quesito fitossanitário, o material apresenta um bom pacote atribuído ao bom nível de tolerância às principais doenças (rusticidade), o que facilita seu manejo e melhora sua segurança no campo.
Uma das vantagens do TBIO Energia II é o ciclo. Conforme Ederson, esse trigo se desenvolve num ciclo em torno de 20 dias mais curto do que o TBIO Energia I, o que possibilita diferentes manejos. Vale ressaltar que ambas cultivares, TBIO Energia I e II, não são de duplo propósito, e sim, de um corte de planta inteira.
Trigo para pastejo
O pré-lançamento Lenox, é uma terceira opção para pecuaristas. Desenvolvido exclusivamente para pastejo, a cultivar de trigo, com bom manejo pós-pastejo, é capaz de superar 4 cortes com alta carga animal em um intervalo entre 20 a 25 dias em sistemas de pastejo rotacionado ou contínuo. O trigo para pastejo estará disponível para agricultores em 2018.