A Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) reuniram entidades representativas e produtores de soja, em evento online, nesta terça-feira (29), para discutir a nova portaria do Ministério da Agricultura, que revisa e atualiza procedimentos no Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja.
O objetivo é coletar sugestões do setor produtivo para serem enviadas ao Ministério, com vistas a aprimorar os dispositivos da legislação e respeitar as condições próprias de cada região.
“O importante é termos uma estratégia técnica para gastar menos, ter menos custo. Qualquer grama a menos que gastar em fungicida é resultado maior no bolso”, disse o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara.
No Paraná, desde 2007 os custos para os produtores tornaram-se crescentes em razão da aplicação de fungicidas para a ferrugem asiática.
“Como fizemos com inúmeras pragas, temos aprendido e buscado encontrar a forma mais correta e mais racional do ponto de vista ambiental e econômico para manejar essa doença”, disse o secretário.
Por isso, ele acredita que a Portaria 306, do Ministério da Agricultura, que passou a valer desde 1º de junho, é mais uma contribuição para uma visão nacional do problema baseada em reflexão e estudos técnicos. “Mas traz pequenos embaraços que vamos procurar corrigir e ajustar dentro do Plano Nacional”, afirmou.
CALENDÁRIO – O gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Rezende Young Blood, salientou que, entre as novidades, a portaria acrescenta ao conceito de vazio sanitário a proibição de semear soja no período de 90 dias. Até agora, era proibido cultivar, manter ou permitir a existência de plantas vivas de soja em qualquer estágio vegetativo.
Dessa forma, produtores iniciavam a semeadura alguns dias antes do término do período, quando sentiam que as condições climáticas já permitiam esse processo, e sabendo que elas não iriam emergir até o final. “É uma grande diferença, pois pela nova portaria ninguém mais pode plantar soja até o fim do vazio sanitário”, disse Blood.
A nova portaria determina, ainda, que até 31 de dezembro de cada ano o Estado envie ao Ministério sugestões de datas para início e término do vazio sanitário. No caso do Paraná, para a atual safra foi definido de 10 de junho a 10 de setembro. Os estados também deverão estabelecer o calendário de plantio, que deve ser de até 110 dias consecutivos de semeadura. Como a exigência de calendário é nacional, o governo federal pretende reduzir as diferenças grandes de um estado para outro.
“Mas a portaria prevê que podem ser estabelecidos períodos de vazio sanitário e de calendário de semeadura de forma regionalizada dentro de uma mesma unidade da federação”, disse o gerente da Adapar. A proposta da Agência é que o período de semeadura se estenda de 11 de setembro a 28 de dezembro, evitando semeadura tardia, que pode exigir uso mais intenso de fungicida.
Neste ano, excepcionalmente, a previsão do calendário da semeadura de soja precisa ser enviada até 31 de julho. A intenção é que a decisão seja tomada com a participação das entidades e produtores. “Precisamos estabelecer um denominador comum para fazermos uma sugestão efetiva ao Ministério”, propôs o presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins.
O superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Cleverson Freitas, elogiou o diálogo estabelecido entre os setores público e privado do Estado para chegar a um consenso. “Só assim vai poder encontrar a melhor maneira de sempre alavancar o Estado do Paraná e manter entre os maiores produtores de soja do Brasil”, disse.