A adoção das sementes transgênicas deve gerar aos produtores de soja, milho e algodão do Brasil uma diminuição da área necessária para o plantio das culturas
A adoção da biotecnologia nas lavouras brasileiras de soja, milho e algodão nos próximos dez anos pode gerar uma economia de US$ 80 bilhões, estimou o estudo apresentado pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) e pela empresa de consultoria Céleres Ambiental. Além disso, os ganhos em produtividade por hectare podem evitar novas ampliações de área de até 27%, como é o caso do milho, que sem o uso dos transgênicos precisaria semear 189,3 milhões de hectares no acumulado nos próximos 10 anos para atender a demanda. Com o uso da biotecnologia essa necessidade cairá para 149,2 milhões de hectares com a mesma produção.
Nos últimos dez anos o estudo mostrou que o País economizou com o uso dos transgênicos US$ 5,9 bilhões, representada pela economia de 16,2 bilhões de litros de água, além de 134,6 milhões de litros de combustível. No período analisado, a redução de emissão de CO2 foi de 357 mil toneladas. Neste novo levantamento, até 2020, a estimativa leva em consideração a redução do uso de água em 133,95 bilhões de litros, a economia de 1,1 bilhão de litros de combustível e 127 mil toneladas de ativos de defensivos. A redução na emissão de CO2 pode chegar a 2,9 milhões de toneladas. "A preocupação com o aumento na demanda por alimentos e a preservação do meio ambiente é do mundo inteiro. Com a previsão das novas tecnologias liberadas, maior adoção da tecnologia por parte dos produtores e o aprimoramento das tecnologias atuais, o benefício total nos próximos dez anos poderá ser de US$ 80,3 bilhões", disse Anderson Galvão, agrônomo da Céleres.
Galvão contou que a situação dos estoques mundiais destes três produtos requer uma atenção especial. Entre eles a soja é a única em uma situação pouco menos preocupante, pois o estoque do ano agrícola 2009/2010 foi praticamente 40% da média dos estoques dos últimos 10 anos. "O algodão estava com 12% do estoque médio. Já com o milho a situação é no mínimo alarmante, porque os níveis globais de milho hoje são muito baixos. Se os EUA tiverem um problema em sua safra, o mundo corre grande risco de escassez desse produto. Eles que são os maiores produtores de milho do mundo terminaram o ano com estoque para 18 dias de consumo", frisou.
O Brasil é o segundo país na produção de transgênicos, com destaque para o milho que nesta safra semeou mais de 57% da sua área com transgênicos. "O milho chama a atenção pois em menos de três anos da introdução dessa tecnologia para o grão no País, nessa safra 2010/2011, os produtores plantaram 57% da área com transgênicos. A soja levou quase 10 anos para atingir esse patamar. E essa rápida adoção é consequência do fato que o produtor após o lançamento de uma nova tecnologia, a testa por algum tempo", garantiu Galvão.
Nos próximos dez anos, caso o produtor adote os transgênicos, as áreas semeadas com o milho devem ultrapassar a casa dos 149,2 milhões de hectares no acumulado até 2020. Caso os produtores do País não adotem a biotecnologia, o acumulado deve saltar para 189,2 milhões de hectares. Para o caso da soja, considerando o período de 2010/2011 a 2019/2020, 273,0 milhões de hectares deverão ser semeados com a soja nesse período. Entretanto, a não adoção da soja transgênica levaria a uma necessidade de 280,4 milhões de hectares a mais, no acumulado do período. O algodão com previsão de adoção da biotecnologia na cultura nos próximos dez anos, 19,1 milhões de hectares deverão ser semeados. "Em um cenário da não adoção da biotecnologia no Brasil, também para os próximos dez anos, tem-se que o esforço de área adicional a ser cultivada chega a 49,5 milhões de hectares", finalizou.
DCI - Diário do Comércio & Indústria
Autor: Daniel Popov