No município de Cafeara, Norte do Estado, o produtor Paulo Roberto de Guerra Carvalho realiza, desde a década de 1990, integração lavoura-pecuária e plantio de seringueiras. Com respaldo de uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agropecuária Oeste em sua propriedade, Guerra afirma que o sistema de integração das culturas de soja e braquiária é o que mais incorpora carbono no solo. 'Preciso reter carbono para aumentar a matéria orgânica no solo. Economicamente o meu sistema não é viável se eu não preservar', salienta.
No início, Guerra intercalava a soja de verão com o milho safrinha, consorciado com aveia e nabo. No entanto, o agricultor percebeu que o aproveitamento era baixo durante o inverno e passou a plantar braquiária após a colheita da soja. 'A braquiária fica no campo até setembro ou outubro e, depois, começo o plantio da soja', explica. A fazenda Santa Helena possui 811 hectares, dos quais, 400 são ocupados com integração lavoura-pecuária. A braquiária é utilizada para alimentar as 800 cabeças de gado de corte mantidas por Guerra. O agricultor também produz café e cana-de-açúcar. 'Mas estou pensando em transformar a área de cana em integração porque o resultado é mais consistente', avalia.
Atualmente, Guerra possui 110 hectares ocupados por reserva legal, área de preservação permanente (APP) e reflorestamento. O plantio de seringueira teve início em 1990 e hoje ocupa 15 hectares da fazenda Santa Helena. Por ser uma cultura perene, a floresta contribui para o balanço positivo de retenção de carbono. De acordo com chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre José Cattelan, os sistemas florestais são mais sustentáveis, pois quanto mais perene a cultura, mais carbono ela mantém. O pesquisador do Iapar, Sérgio José Alves, estima que o Paraná possua 300 mil hectares no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. 'Ainda é pouco, mas a técnica está crescendo', comenta.
Agrônomo, Paulo Guerra percebeu que o solo da região de Cafeara é muito arenoso e suscetível à erosão e, por esse motivo, buscou formas mais conservacionistas de produção. 'O foco era não perder o solo, mas depois percebi que o que era bom para isso incluía a preservação de carbono no solo', explica.
A meta do programa ABC é aumentar, na próxima década, a utilização dos sistemas de ILPF em 4 milhões de hectares. Em relação à área de florestas, a intenção do Mapa é passar dos atuais 6 milhões de hectares para 9 milhões de hectares até 2020.(M.F.)
Folha Web