Problemas, soluções e perspectivas do mercado
O arroz é uma cultura de sucesso. Consumido por mais da metade da população humana no mundo, também é um dos principais alimentos presentes na mesa dos brasileiros. As características nutritivas e a variedade de subprodutos derivados tornam o cereal uma opção excelente para o consumo diário. O Brasil possui terras adequadas e expertise para atender ao mercado interno e externo. Porém, o setor enfrenta uma dura realidade.
Até o fim dos anos 80, o Brasil supria 95% da demanda interna do cereal, porém, o fim dos subsídios e a abertura do mercado a concorrentes do Mercosul causaram uma onda de falências no setor a partir da década de 90. A súbita entrada de arroz mais barato, produzido principalmente na Argentina e Uruguai derrubou os preços e colocou o setor sob pressão constante. O investimento na produção não tem gerado retorno financeiro aos arrozeiros. Segundo o site Planeta Arroz, as cotações da safra 2011 deverão registrar uma queda histórica, principalmente no Rio Grande do Sul, maior produtor nacional do grão. Sindicatos e instituições ligadas ao segmento reivindicam que caso não existam medidas por parte do governo para regular o mercado, a safra recorde de 2011 não irá gerar ganhos aos rizicultores, tampouco introduzir capital de giro no setor orizícola.
Segundo o jornal Correio do Povo, existe ainda a possibilidade dos produtores irem à justiça para impedir a invasão do arroz estrangeiro. O mesmo veículo informa que o Governo Federal admite a falha em proteger a produção nacional e estuda alternativas para a safra.
Vale ressaltar que o preço médio da saca de 50 kg no Rio Grande do Sul foi, em média, R$ 20,00 no mês de março/2011 e o custo para produzir esta quantidade de arroz é estimada em R$ 29,00. Já o preço mínimo do cereal, estipulado pelo Governo Federal, é de R$ 25,80 a saca, inferior ao custo de produção.
Existem ainda problemas indiretos que enfraquecem o segmento. O modelo de escoamento da safra baseado no transporte em caminhões aumenta os custos e diminuem as margens de ganho. O fato de não haver instalações suficientes para armazenagem da safra também é uma deficiência antiga da infra-estrutura.
O fato de o cultivo ser especialmente sensível ao clima e às estações secas gera a necessidade de ampliar o número de reservatórios para proteger o fornecimento de água durante as estiagens, o que também é uma questão urgente. No entanto, mesmo com todos os problemas, a Federação das Associações dos Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), afirma que a produção nacional é capaz de suprir o mercado interno.
O Brasil possui excelência em pesquisa e tecnologia para o cultivo do arroz. Instituições como Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), universidades, Associação Rio-grandense de Empreendimentos e assistência técnica e Extensão Rural (Emater-RS) realizam pesquisas pioneiras, as quais visam melhorar substancialmente a qualidade da produção, controle de pragas e doenças.
O Grupo Agrimec fornece tecnologia inovadora e conta com uma gama de implementos que abrangem o cultivo do plantio à colheita do arroz irrigado. A utilização dos equipamentos confeccionados pela empresa na lavoura maximizam a produtividade e proporcionam ganhos adicionais em tempo e dinheiro.
O panorama pode parecer sombrio, porém, existem boas perspectivas. Todos os problemas que os produtores enfrentaram nos últimos 20 anos ajudaram a impulsionar a busca de qualificação profissional e técnica, inclusive na criação de soluções para o mercado. O aprimoramento alcançado nas duas últimas décadas mostra resultados claros de que é viável investir no arroz. Os arrozeiros que souberam se adaptar às novas condições permanecem atuantes. O próximo desafio talvez seja a regulação de mercado e investimento em novas alternativas de transporte da safra e infra-estrutura.