O cenário para a produção mundial de alimentos é positivo e essa projeção otimista pode se aplicar ao mercado do trigo. A avaliação é do secretário executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Galvão Bueno Trigueirinho, palestrante do IV Fórum Nacional do Trigo, aberto oficialmente na noite de segunda-feira (16), em Ijuí. "O céu estará azul por um bom tempo", disse. Contudo, Trigueirinho foi enfático sobre a necessidade de os produtores brasileiros buscarem o mercado externo tendo em mente países em desenvolvimento, como China, Índia e Indonésia.
Embora a venda de trigo para esses países ainda seja tímida em relação à de outros produtos nacionais, como açúcar, óleos vegetais, farelos, oleaginosas e arroz, Trigueirinho acredita que o crescimento da renda naqueles países continuará a impulsionar seus consumos internos de alimentos, favorecendo, inclusive, o trigo brasileiro.
A busca pelo mercado internacional seria uma alternativa para o setor tritícola, que perdeu espaço no mercado brasileiro após a criação do Mercosul. Para fortalecer o bloco econômico, o Brasil passou a exportar aos vizinhos do Mercosul produtos industrializados da região Sudeste, em troca, passou a importar trigo da Argentina. "A base desse acordo precisaria ser revista, pois o trigo é fundamental no sistema agrícola da Região Sul", disse o chefe-geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto.
A logística de transporte e armazenagem foi apontada como outro grave entrave à produção de grãos. Segundo Trigueirinho, 60% do transporte é feito por rodovias, 33% por ferrovias e 7%, por hidrovias. "O custo portuário brasileiro é altíssimo", exemplificou. A busca por seguro agrícola que proteja o investimento do produtor das adversidades climáticas e a sustentabilidade ambiental também foram apontadas como fatores decisivos para o sucesso da atividade.
"A solução de todos os problemas das diferentes cadeias produtivas não é resolvida com mágica, mas com fóruns desta natureza", disse o diretor da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da secretaria estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, José Cândido Motta, que representava o governo do Estado no evento. Motta enfatizou a motivação do governo gaúcho em ouvir e defender os interesses de quem trabalha e produz. "O governo do Estado é parceiro para lutar em todas as instâncias que for de sua competência", disse Motta.
A abertura do IV Fórum Nacional do Trigo também foi prestigiada pelo presidente da Cotrijuí, Carlos Poletto, gerente da Emater/RS-Ascar regional de Ijuí, Geraldo Kasper, deputado federal Jerônimo Goergen, que representava a Câmara dos Deputados, e deputado estadual Gerson Burmann, representante da Assembleia Legislativa do RS. O evento, promovido pela Emater/RS-Ascar, Cotrijuí e Embrapa Trigo, terá prosseguimento nesta quarta-feira (17/5), no salão da Sociedade Ginástica de Ijuí (Sogi).
Emater - RS
Autor: Cleuza Noal Brutti