São Paulo - Com planos para ajudar a desenvolver o setor de etanol brasileiro, para atender a demanda de 200 bilhões de litros em 2020, empresas do setor como Raizen, BP Biocombustíveis, Glencore Brasil, Umoe Bioenergia e Petrobras Biocombustível, acreditam que o País terá de apostar na produtividade, na redução de custos, e na capacitação de mão de obra para atender essa demanda. Nessa linha, a Raizen já aprovou um investimento de US$ 7 bilhões, para ampliar sua produção de cana-de-açúcar, nos próximos cinco anos. Na mesma linha a BP Biocombustíveis também prevê incrementos em suas produções.
Entre os principais objetivos traçados por grandes empresários do setor de etanol para crescer junto com a demanda pelo combustível no Brasil, o aumento de prrodutividade foi o item mais comentado. Para eles crescimento vertical é uma das opções para reduzir os custos de produção do etanol, e ampliar a sua competitividade junto a gasolina. "Nas unidades existentes o nosso ganho de competitividade está na agricultura de precisão, garantindo o crescimento vertical. O próximo ponto está nas melhorias de práticas dentro da usina e na conversão da cana em combustível. E o terceiro são os biocombustíveis de segunda geração que tem capacidade de trazer valor muito maior e abrir um mercado internacional muito maior", afirmou Mário Lindenhayn, presidente da BP Biocombustíveis.
Outro ponto em comum entre os participantes do Ethanol Summit deste ano, que aconteceu em São Paulo, é transformar o etanol em uma commodity. Além disso, a expectativa é que as novas usinas que estão surgindo devam ser exclusivamente de etanol. "Temos de começar a desenvolver um industria focada só na produção de etanol, senão não vamos conseguir nem suprir a demanda local e muito menos transforma-lo em uma commodity internacional", garantiu Vasco Dias presidente da empresa Raizen.
Nos planos para se adequar a nova realidade do setor Dias contou que a empresa já aprovou um investimento de US$ 7 bilhões nas atividade sucroalcooleira. "No caso da Raizen temos um plano aprovado de crescimento para os próximos cinco anos de expandir nossa produção de cana de 60 milhões toneladas para 100 milhões com aporte de US$ 7 bilhões, que vamos investir em todas nossas operações", frisou.
No caso da BP Combustíveis a ideia é ampliar em 25% a produção de cana este ano, e outros 35% no ano que vem. "O que me tira o sono é a questão da capacitação, a dinamica de crescimento que temos pela frente, fazer em 10 anos o que teríamos que fazer em 30 anos, isso é um crescimento muito agressivo que demanda muita dedicação, é o que buscamos", finalizou
A demanda por etanol deve triplicar até 2020, saltando dos atuais 70 bilhões de litros para mais de 200 bilhões de litros. Para isso basta que os países que determinaram a mistura do produto a gasolina cumpra a meta de uso até a data, estimou o professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro do Meio Ambiente, José Goldemberg, no Ethanol Summit, que aconteceu nesta terça-feita em São Paulo.
Apesar do fato parecer alarmante, Goldemberg afirmou que o uso do etanol deve poupar ainda 20% do 1 trilhão de litros da gasolina prevista para ser consumida no mundo por ano até 2020 e até 7% de todo o petróleo. Para ele ao emendar que a substituição de parte da gasolina pelo etanol é uma das formas para não abrir mão de automóveis e ainda assim poder ter condições ambientais toleráveis no futuro.
Preços
Os preços do etanol que vinham recuando nos ultimos meses, devem voltar a subir nas próximas semanas, restringindo a competitividade do produto em apenas quatro estados brasileiros, que concentram boa parte da produção São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Paraná. A estimativa foi feita por Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria.
Segundo ele, os preços do etanol hidratado sofrem uma tendência de alta a partir de junho. Entretanto isso não está acontecendo, dado a alguns motivos, como o volume do produto processado pelas usinas, que foi bem maior que o açúcar, e a chegada de navios com o etanol de milho americano. Ele acredita que o recuo de preços ficou dentro do previsto, entre R$ 0,95 a R$ 1 por litro para o produtor, o que se refletiu em preço do hidratado na bomba em torno de R$ 1,50 a R$ 1,60 no Estado de São Paulo.
O presidente da Cosan, Marcos Lutz, ressalta que a frota de carros do Brasil já é maior que a do ano passado, o que leva a um aumento do consumo de combustíveis, seja etanol, seja gasolina. Na atual safra, mais empresas estão estocando etanol para o período de entressafra, o que deve evitar os picos de preços registrados nos últimos anos. Este maior volume de etanol estocado irá levar, segundo o executivo, a um cenário de maior estabilidade de preços e menor volatilidade.
DCI - Diário do Comércio & Indústria