Trazemos hoje as projeções de oferta e demanda da Conab e do USDA para o mercado de trigo brasileiro. Os dados diferem bastante em valores absolutos para nosso estudo de hoje, traremos apenas a comparação das tendências.
Em valores absolutos segundo a Conab, o estoque inicial brasileiro seria de 1,696 milhões de toneladas no início da safra 2011/2012, sendo este o menor valor em 3 anos safra, esta redução de estoques se dá em função dos avanços de exportação e das vendas de estoques públicos, que devem ser realizados mais vezes durante este ano safra, uma vez que a idéia inicial era disponibilizar espaço físico nos armazéns para futuras intervenções de AGF, ou mesmo impedir a depreciação dos estoques que vem sendo vendidos ainda de produtos da safra 2007/2008 em alguns lotes. Neste ponto apesar de discrepantes, os relatórios de USDA e Conab convergem, uma vez que os estoques nacionais segundo o órgão americano são de 0,82 milhões de toneladas no início da safra 2011/2012, contra 1,52 milhões de toneladas na safra 2010/2011.
A importação segundo a Conab, é estimada em 5,9 milhões de toneladas na safra que se inicia em 31 de julho e dos mesmos 5,9 milhões na safra atual. Este mesmo comportamento de estabilidade nas importações é esperado pelo USDA, porém em volume mais altos, 6,7 milhões de toneladas nos dois anos safra.
Quanto a produção da safra passada, um dado consolidado, ambas se equivalem. Já para a projeção da safra que está sendo plantada, algo ainda bastante subjetivo, ambas apontam redução, sendo que USDA projeta redução de 18,6% e a Conab uma diminuição de 8,09%. Ficando a estimativa, em 4,8 milhões de toneladas para o órgão americano e 5,4 milhões de toneladas para a companhia nacional.
Quanto ao consumo, ambas apontam uma manutenção da demanda, sendo que no Brasil se espera um consumo de 10,558 milhões de toneladas e nos Estados Unidos 10,8 milhões de toneladas. Com a economia aquecida, e o crescimento populacional, o que justifica um cenário deste seria a manutenção dos altos níveis de preços no mercado internacional.
Quanto à exportação, bastante vociferada pelos agentes de mercado nacional, ambas as projeções indicam redução significativa. Também pudera, o governo com uma produção e estoques reduzidos, provavelmente não intervirá tão firmemente através de leilões de PEP, como com as 1,8 milhões de toneladas realizadas anteriormente, mesmo em um cenário de preços excessivamente altos. Assim sendo a Conab projeta uma redução de 40% nas exportações e o USDA 80%. Vale lembrar dos esforços do governo em subir as cotações do dólar, algo que favoreceria esta atividade. Porém, ainda não houve resultado efetivo
E finalmente quanto ao estoque final, com uma produção tão reduzida, e ainda com a ocorrência de exportações é esperada a redução dos estoques finais, ou seja, um ano deficitário, comparando-se a oferta e a demanda de acordo com a Conab. Sendo que o USDA estima que a diminuição das exportações serão suficientes para retornar a patamares maiores do que os iniciais. Sendo que o estoque final 2011/2012 da Conab é esperado em 1,01 milhão de toneladas e do USDA de 1,02, concordando ambas quanto ao volume.
De certo ficam, os estoques iniciais foram bastante reduzidos com as exportações desta safra, que deram maior liquidez às negociações de trigo. A redução de área plantada poderá não implicar em uma maior dependência do trigo importado, pois esta já é bastante forte, sobretudo em um cenário de moeda valorizada. O Brasil dispõe de estoques limitantes, uma vez que armazenará apenas 10% daquilo que consome. A exportação ainda segue como incógnita quanto ao volume a ser destinado.
Fonte: AF News