Com o cenário de crise econômica atingindo países da Europa e a nação (até então) mais sólida do planeta, é preciso cautela na tomada de decisão e no momento de fechamento de contratos, pois os preços das commodities agrícolas seguem bastante instáveis. O alerta vem do economista Paulo Rabello de Castro, que participou da última reunião de diretoria da Aprosoja, na semana passada.
De acordo com o economista, o atual cenário internacional sinaliza para a tendência de baixa nas cotações nos próximos dias, mesmo com o anúncio dos Estados Unidos de elaboração de um pacote emergencial anti-calote. Essa tendência já se reflete nas bolsas de valores internacionais, que nos últimos dias têm registrado forte queda.
De acordo com Rabello, os chineses têm papel determinante na atual conjuntura, já que o país é detentor de grande parte das reservas dos títulos americanos. Atualmente, a China é a principal credora dos EUA. O Brasil ocupa o quarto lugar na lista.
"A China está mudando o eixo de seus investimentos para fora da região do dólar pelo fato de temerem perdas de títulos em virtudes da baixa remuneração dos papeis", analisa Rabello.
De todo modo, o economista enxerga que Mato Grosso poderá se beneficiar e muito com a China, pois os chineses estão procurando investimentos em bens tangíveis – seja ele em infraestrutura ou em produção agrícola, industrial ou mineral. "É preciso que nós tenhamos uma filosofia e um modo de agir para tirarmos proveito dessa conjuntura, assim como eles souberam tirar proveito do capital estrangeiro", sugere.
O economista reconhece que a farra especulativa em torno das commodities deverá continuar daqui para frente. Na sua avaliação, isso se deve ao fato de que neste momento os americanos estão tentando contrapor todos os elementos possíveis para sair da recessão instaurada, gerando certo afrouxamento econômico. "A previsão é de que as taxas de juros não subam até 2013", aponta.
O diretor executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte, observa que a agricultura brasileira não está sofrendo os efeitos da crise, já que os preços internacionais das commodities estão em patamares bastante elevados. Duarte chama atenção para que os produtores mantenham a cautela na hora de definir qualquer tomada de decisão. "É preciso saber ler os cenários", explica.
O diretor executivo da Aprosoja orienta que o produtor faça suas contas e mantenha o pé no chão. "O produtor tem que se valer da moeda que ele tem na mão. Nesse cenário atual, ele tem uma moeda com um valor importante que é a saca de soja", afirma. O conselho do diretor da Aprosoja é que o produtor estabeleça uma relação de troca atrativa e que consiga nessa transação o travamento do pacote e/ou do dólar, mediante um resultado em que os custos sejam bem administrados.
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