Com a fusão entre pequenas unidades de produção agropecuária, o setor espera se fortalecer para avançar rumo à agregação de valor
São Paulo - Com o intuito de ampliar a produtividade da agropecuária brasileira, e aumentar a competitividade nesse mercado, agregando mais valor à cadeia, as cooperativas do País estão lançando ofensiva junto aos pequenos e médios produtores, para fortalecer os grupos já existentes. A ideia é incrementar as cooperativas existentes e não criar novas unidades com a meta de buscar a agroindustrialização. No Mato Grosso, o Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Mato Grosso (OCB/MT), pretende se reunir com o setor em meados de setembro para incentivar fusões entre cooperativas e a associação de produtores nos grupos já formados.
Apesar do setor agropecuário não representar mais os 70% de todas as cooperativas formadas no País como já aconteceu nas décadas de 1960, 1970, e meados de 1980, o cooperativismo no setor agrícola brasileiro ainda lidera esse mercado com 23% de participação, contra os 16% das cooperativas de trabalho, 16% de crédito e 15% dos grupos ligados ao transporte. Segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
O crescimento do setor nos últimos 10 anos também não foi expressivo. Em 2000, o número de cooperativas ligadas ao setor primário somava 1.411 unidades, e em 2010 saltou para 1.548, ou crescimento de apenas 9,7% no período. Segundo o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS), Rui Polidoro Pinto, o número mostra que a agricultura brasileira busca um fortalecimento de suas atividades, para minimizar custos, diminuir riscos da atividade, e agregar valor aos produtos.
Já o número de cooperandos cresceu 13% no mesmo período, passando de 831 mil produtores há dez anos, para 943 mil em 2010. Para Maurício Landi Pereira, assessor estratégico da OCB, no passado a formação de cooperativas buscava receber incentivos governamentais para a área rural. Movimento esse que gerou um forte endividamento dos grupos menos competentes administrativamente e gerou uma seleção natural ao final dos anos 1980. "No começo dos anos 1990, o número de cooperativas rurais caiu quase pela metade, dado a falência em seus processos de estruturação. Hoje a busca não é mais por aportes do governo federal, e sim a redução de riscos e custos. O mais novo movimento que está atraindo mais produtores as cooperativas já existentes é a busca pelo valor agregado com a agroindustrialização", disse ele.
No Mato Grosso essa empreitada já começou, e em setembro a OCB/MT irá se reunir com os lideres das cooperativas, e associações do setor, como a Aprosoja, e a Ampa, para debater os caminhos e as diretrizes para ampliar o número de cooperativados, e os movimentos para a agroindustrialização. "A expectativa não gira mais em torno da ampliação das cooperativas, vamos discutir em setembro com uma consultoria a redução do numero de cooperativas buscando a integração entre elas, ou seja, aumentando a escala para que elas ganhem competitividade nesse mercado. Entretanto a nossa maior busca é em agregar mais valor aos nossos produtos, com a agroindustrialização", disse Adair Mazzotti, superintendente da entidade.
Já o Estado de Minas Gerais, líder nacional no número de cooperativas, o movimento de redução e fusão entre os grupos existentes, busca melhores práticas, e o incremento da produtividade. "Não estamos mais estimulando o aumento de cooperativas, o que estamos focando agora é a produtividade. Quando alguém nos procura com o interesse de formar uma cooperativa, nós analisamos e instruímos esse grupo a entrar em uma cooperativa da região. Como nossas cooperativas são bastante antigas e fortes a ideia é fortalecer ainda mais os setores que atuamos com mais força, que é no café, com quase 50% da produção brasileira, e o leite com 1,3% do total produzido no País", contou Ronaldo Scucato, presidente da OCB/MG.
DCI - Diário do Comércio & Indústria
Autor: Daniel Popov