Flutuação do câmbio poderá provocar reajustes nos preços de insumos comprados de última hora
A oscilação do câmbio nas últimas semanas, entre R$ 1,80 e R$ 1,90, deixa muitos produtores de cabelo em pé. Apesar de estimativas apontarem que 80% dos agricultores tenham antecipado a compra de insumos para implantação da lavoura de verão 2011/2012, ainda resta a aquisição de agroquímicos, cujo ritmo é determinado pela necessidade. E é aí que pode vir o aumento no custo de produção, já que ninguém pode descartar uma nova valorização do dólar frente ao real até o final do ano. Segundo o assessor econômico da Farsul, Antônio da Luz, apesar da tendência de queda do dólar, o movimento pode demorar até 90 dias para acontecer. Além disso, ele acredita que as empresas que importaram antes da flutuação não deverão promover repasse aos produtores.
Para o economista e consultor da Fecoagro, Tarcísio Minetto, quem comprar a partir de agora não escapará de preços mais altos. Por isso, ele recomenda pesquisar. O economista lembra que, entre os meses de janeiro e junho, já houve um aumento entre 20% e 25% nos preços dos insumos básicos. Este mês, a Fecoagro deve finalizar um estudo dos custos de implantação das lavouras de verão. Antes disso, segundo Minetto, é impossível mensurar se houve impacto do câmbio. O especialista acredita que o mercado poderá se acomodar, mas alerta o produtor para ficar atento às causas que estimularam a flutuação do dólar, como a crise mundial e a definição de preços das commodities.
Nos fertilizantes, que correspondem, em média, a 20% do custo de produção, o presidente do Sindicato das Indústrias de Adubo do RS (Siargs), Torvaldo Marzolla Filho, acredita que ainda é prematuro para avaliar se haverá repasses. A indústria faz hedge para proteger suas operações, uma vez que, no Brasil, a dependência por matéria-prima importada é de 75%. No Estado, as aquisições do exterior são de 100%. Marzolla explica que, quando o dólar sobe, o agricultor é beneficiado, porque o cenário fica favorável à exportação e os preços internos acompanham os internacionais. Neste ano, em movimento inverso, houve queda do buschel da soja em Chicago.
Correio do Povo