Segundo release da EMATER gaúcha, a produção gaúcha de trigo foi revisada em sua última estimativa, aumentando os rendimentos da cultura frente às condições climáticas favoráveis, ainda assim os níveis de produtividade não são tão altos quanto na safra anterior, porém o aumento de área sustenta as elevações. O que isso quer dizer aos preços? Mais pressão nos preços internos já bastante abaixo dos preços mínimos? Depende!
Depende da qualidade colhida, pois no ano passado notou-se redução siginificativa de importação de trigo no Paraná, em função de sua grande produção e principalmente da boa qualidade de cor e falling number dos trigos colhidos. Isto impulsionou a demanda até mesmo de moinhos paulistas e gaúchos que se abasteceram de lotes nacionais frente a preços bastante apreciados de trigo importado.
Obviamente porém, o cenário internacional neste ano é outro. Logo os preços argentinos, uruguaios e paraguaios tendem a ser muito mais competitivos, sobretudo se o dólar se estabilizar no patamar atual (por volta de R$ 1,70, na sexta-feira R$1,68).
A produção desta safra gaúcha é estimada agora em 2,187 milhões de toneladas contra 1,8 milhões da projeção ainda em maio, cabe aqui salientar que o consumo de trigo gaúcho gira em torno de 1,625 segundo a CONAB, gerando um excedente de 0,5 milhão de toneladas, mais os estoques iniciais, que nesta safra são bem mais baixos do que outrora.
Assim sendo, em ocorrendo com um escoamento de apenas 500 mil toneladas ao exterior, o mercado já regularia a oferta e a demanda, obviamente dependendo da qualidade do produto colhido, pois estamos falando de trigo (e não soja ou milho), que reserva 50% do mercado de farinhas à panificação e mais 11% ao mercado de massas, ambos bastante exigentes em características qualitativas como estabilidade, força de glúten, elasticidade (P) e por isso tem demanda cativa ao trigo importado mesmo que para mesclas mínimas, aumentando o excedente teórico calculado acima.
Fonte: AF News