Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
Comentários referentes ao período entre 18/11 a 24/11/2011
Na última semana, mais curta nos EUA devido ao feriado de Ação de Graças na quinta-feira (24), as cotações da soja despencaram em Chicago, fechando o dia 23/11 em US$ 11,22/bushel, após US$ 11,68 uma semana antes e US$ 12,00 no dia 15/11. Ou seja, em seis dias úteis o bushel perdeu quase um dólar. O fechamento do dia 23/11 foi o pior em mais de um ano (desde o dia 07/10/2010). No mesmo dia 23 de novembro, o farelo veio para US$ 282,50/tonelada curta e o óleo de soja para 49,32 centavos de dólar por libra-peso.
Mais uma vez, a crise financeira internacional, com situações complicadas na Europa e também nos EUA (o crescimento deste país, para o ano de 2011, foi revisto para baixo, ficando em 1%, contra 1,7% anteriormente) levou os especuladores a venderem posições nas bolsas e saírem de situações de risco, particularmente porque haverá feriadão no final de semana nos EUA. Liga-se a isso a revalorização do dólar no cenário mundial, diante de novos capítulos da crise internacional.
Ao mesmo tempo, a colheita estadunidense se conclui e a demanda pelo produto local é menor neste ano. Soma-se a isso, a boa evolução do plantio sul-americano, com aumento de área e na projeção de produção.
Durante a semana, os registros de exportação dos EUA, na semana encerrada em 10/11, chegaram a 746.100 toneladas, contra 604.000 toneladas na semana anterior. Já os embarques de soja, na semana concluída em 17/11, somaram 1,11 milhão de toneladas, após 1,47 milhão na semana anterior, levando o acumulado do atual ano comercial, iniciado em 1º de setembro, a 9,65 milhões de toneladas, contra 14,34 milhões um ano antes no mesmo período.
Ainda em termos mundiais, Oil World estima que as exportações de óleo de soja no mundo recuem 8%, atingindo apenas 9,2 milhões de toneladas neste ano comercial. Isso se deve ao fato de que o conjunto dos oito principais óleos vegetais atingirá 63,6 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 2,1 milhões de toneladas sobre o ano anterior.
Os prêmios nos portos fecharam a semana, todos para dezembro/11, entre 58 e 66 centavos de dólar por bushel no Golfo do México (EUA), entre 65 e 96 em Rosário (Argentina), e entre 67 centavos e US$ 1,17/bushel nos diferentes portos brasileiros.
Enquanto isso, a área de soja na Argentina, estimada em 19 milhões de toneladas para 2011/12, atingia 44% já semeada até o dia 17/11, contra 42% na mesma data do ano anterior. Paralelamente, a área de girassol, na mesma data, chegava a 84%, contra 85% um ano antes.
Por sua vez, a comercialização da safra 2010/11, na Argentina, atingia a 87%, contra 89% no mesmo período do ano anterior. Estariam faltando menos de 7 milhões de toneladas a serem negociadas no vizinho país.
Por outro lado, a produção de soja da América do Sul deverá atingir a 142,6 milhões de toneladas em 2011/12, crescendo 5% em relação ao ano anterior. Tem-se aí, por enquanto, um forte fator baixista em Chicago igualmente. A área cresceria 2%, se estabelecendo em 48,9 milhões de hectares, sendo que a produção do Brasil cresceria 1%, para se estabelecer entre 74 e 75 milhões de toneladas, a da Argentina aumentaria 10%, chegando a 54,1 milhões de toneladas e a do Paraguai aumentaria 6%, atingindo a 8,9 milhões de toneladas. Tudo isso, obviamente, se o clima colaborar até o final.
Na terceira semana de novembro, o plantio no Brasil atingia a 78% da área esperada, contra 68% na média, e na Argentina 44% conforme já destacado acima.
Enfim, no Brasil, os preços voltaram a recuar em termos médios, com o balcão gaúcho fechando a semana em R$ 41,10/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 46,00 e R$ 46,50/saco. Nas demais praças brasileiras, os lotes oscilaram entre R$ 39,10/saco em Sapezal (MT) e R$ 45,50/saco no norte do Paraná. Os preços só não recuaram mais porque o Real se desvalorizou, chegando a R$ 1,88 durante o pregão do dia 24/11.
Quanto aos preços futuros, no Paraná a safra nova esteve cotada a US$ 27,00/saco para março no CIF Paranaguá. No Rio Grande do Sul, o preço futuro ficou em R$ 47,00/saco para maio no FOB interior. No Mato Grosso, o valor recuou para US$ 20,00/saco na região de Rondonópolis. Em Goiás, o preço nominal para março ficou em US$ 22,00/saco. Na região do Distrito Federal, valores de R$ 39,00/saco para abril. Na Bahia e no Maranhão a safra nova ficou em R$ 40,50/saco para maio. Já na BM&F, o contrato novembro/11 ficou em R$ 25,45/saco.
O plantio da nova safra brasileira, até o dia 18/11, atingia, portanto, a 78% da área esperada, sendo 57% no Rio Grande do Sul, 93% no Paraná, 95% no Mato Grosso, 99% no Mato Grosso do Sul, 86% em Goiás e 68% em Santa Catarina.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Analista junto ao Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
CEEMA / UNIJUI
Notícias Relacionadas