(Reuters) - A área plantada com soja no Rio Grande do Sul na temporada 2011/12 será maior do que o inicialmente esperado, com produtores semeando a oleaginosa sobre campos que anteriormente receberam o milho que não se desenvolveu adequadamente em função de uma estiagem que afeta o Estado, informou nesta quinta-feira (15) a Farsul, a federação dos agricultores gaúchos.
Dessa forma, o plantio de soja no Rio Grande do Sul, o terceiro Estado produtor do Brasil, que à esta época já poderia ter se encerrado, seguirá por mais algumas semanas.
"As áreas de milho prejudicadas pela estiagem poderão ser substituídas por soja em tempo hábil... Temos condições de plantar soja até 15 de janeiro", disse Carlos Sperotto, presidente da Farsul.
Ele estima que 10 por cento da área de milho, estimada em 1,2 milhão de hectares pela Farsul (alta de 15 por cento ante a temporada anterior) foi prejudicada pela falta de chuva.
Nas áreas afetadas pela falta de chuva, disse Sperotto, o plantio da soja já começou.
Ele estima que a área plantada com soja poderá crescer 4 por cento ante a temporada passada, contra 2,5 por cento da estimativa inicial. "Seria algo cruel, a soja ganha com o prejuízo do milho, não temos alternativas, a não ser sermos ágeis."
Essa seria a forma de minimizar o prejuízo.
O presidente da Farsul disse ser prematuro falar em perdas para a soja em função da seca, mas a federação já considera em suas previsões divulgadas nesta quinta-feira um volume menor de produção em 11/12 na comparação com o recorde da temporada passada.
A Farsul estima a produção em 10,4 milhões de toneladas, contra 11,6 milhões de toneladas em 10/11, apesar do crescimento de área.
Isso porque a produtividade esperada em 11/12 é de 2.400 kg/hectare, contra 2.850 kg em 10/11, com a entidade já considerando um menor rendimento pela atuação da La Niña.
"Tem duas irmãs, as Las Niñas, não necessariamente as duas se comportam da mesma forma. No ano passado, ela foi bondosa, neste ano é a malvada pelo comportamento inicial, mas não queremos antecipar posicionamentos... não queremos criar condições negativas ou terrorismo, temos alternativa e o milho já está sendo substituído pela soja."
Segundo a Somar Meteorologia, o Estado deverá continuar com deficiência de chuvas pelo menos até a semana que vem.
O Rio Grande do Sul colhe quase 15 por cento da safra nacional de soja, e é o quinto no ranking da produção de milho do Brasil, respondendo por cerca de 10 por cento da colheita do cereal.
Reuters
Autor: Por Roberto Samora