Os agricultores de Mato Grosso do Sul já estão preocupados com a possibilidade de quebra na safra da soja por causa da estiagem. Em algumas regiões do Estado, não chove há pelo menos 40 dias e as previsões não são nada otimistas. Enquanto os produtores prevêem perda de até 40% do potencial produtivo de suas lavouras, as expectativas meteorológicas indicam que somente em janeiro as chuvas devem voltar ao normal.
De acordo com o presidente da Aeagran (Associação dos Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados), Bruno Tomasini, várias regiões já foram castigadas com a seca. Segundo ele, produtores que estimavam colher de 50 a 60 sacas por hectare vão ter que refazer as contas.
"O que dá para ver é que já diminuiu o potencial produtivo de algumas lavouras", informa Tomasini. Ele considera que ainda é cedo para estimar perdas, mas reconhece que a quebra é inevitável. "Na verdade, a expectativa é de que volte essas chuvas para recuperar pelo menos um pouco da produção".
Mesmo assim, as previsões meteorológicas não são das melhores. De acordo com o meteorologista Natálio Abraão, a estimativa de 180 milímetros de chuva para dezembro está longe de se concretizar. "Teria que chover 25 a 30 milímetros nesses cinco dias", pondera. "Corumbá não chegou nem a 10% do previsto para chover no mês e Maracaju não chegou a 30%".
Quem prevê dificuldades são produtores como Erny da Silva Agostini, de 31 anos, que planta 370 hectares de soja na região de Amambai. Segundo ele, são 36 dias de seca. "Desde o 15º dia sem chuva já dá para ver que a planta está sofrendo", comenta. O agricultor estima perda de até 40% de produtividade. "Em ano bom, com preço bom, isso é o lucro do produtor", avalia.
Para o presidente do Sindicato Rural de Amambai e vice-presidente da Regional Sul-Fronteira da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária), Cristiano Bortolotto, as perdas são inevitáveis. "Com certeza tem quebra e quebra grande", afirma. Segundo ele, Aral Moreira e Coronel Sapucaia têm lugares com quase 40 dias sem chuva. "Além do tempo de estiagem, a temperatura é muito alta e a planta não resiste".
Bortolotto informou que outras áreas também castigadas pela seca registraram chuvas no fim de semana passado. "No sábado algumas áreas pegaram chuva e outras não. Em Sapucaia variou de 60 até 5 milímetros", disse.
Mesmo assim, Abraão lembra que essas precipitações pluviométricas não são suficientes para recuperar as plantas. "Foram principalmente chuvas rápidas que não ajudam em nada a agricultura".
O meteorologista Natálio Abraão, chefe do laboratório de geofísica e meio ambiente da estação meteorológica Anhanguera/Uniderp, diz que as chuvas registradas até agora são pancadas isoladas e fruto de áreas de instabilidade. Segundo ele, somente a partir do próximo mês a situação deve melhorar. "Esperamos que essas chuvas normalizem a partir de 5 de janeiro".
Diário MS
Autor: André Bento - de Dourados