Influenciado pela seca no Sul, que afetou a produção, o preço da soja subiu 3,37% e cotação do milho aumentou 5,21% este mês
A disparada dos preços da soja e do milho no atacado foi responsável por mais da metade da inflação de 0,25% medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de janeiro.
Influenciado pela seca no Sul, que afetou a produção, o preço da soja subiu 3,37%, após deflação de 3,53% em dezembro. No caso do milho, a cotação aumentou 5,21% este mês e tinha caído 7,04% no mês passado.
Juntos, os produtos responderam por 0,15 ponto porcentual do resultado do IGP-M. "A virada no IGP-M veio dos preços agrícolas (soja e milho)", afirma o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Em dezembro, o IGP-M tinha registrado deflação de 0,12%. Ele frisa que a mudança de resultado, de deflação para inflação, se deve à perda da safra e não tem conexão com o ritmo de atividade. Tanto é que Quadros acredita que provavelmente esse efeito se esgotará neste mês e a trajetória de desaceleração da inflação acumulada em 12 meses não será interrompida.
Até janeiro, o IGP-M acumulou elevação de 4,53% em 12 meses. Desde fevereiro do ano passado, a inflação em 12 meses vem perdendo fôlego mês a mês. E, para fevereiro, o economista acha que não será diferente. "O resultado de 0,25%, um pouco mais ou um pouco menos, é uma referência para o IGP-M de fevereiro", diz o coordenador, descartando a possibilidade de deflação e de repetir o resultado de fevereiro do ano passado, quando o indicador teve alta de 1%.
Quadros espera que o IGP-M de fevereiro tenha um comportamento inverso em relação ao deste mês. Em janeiro, a pressão de preços veio dos produtos agropecuários no atacado (1,1%), enquanto os industriais, influenciados pelo minério de ferro (-5,44%), tiveram deflação de 0,49%. Para fevereiro, o cenário é que os preços dos produtos industriais no atacado abandonem o terreno da deflação e os preços agropecuários deixem de pressionar o indicador para cima. "Será o fim da deflação dos industriais e o fim da pressão dos agrícolas", acredita.