Esse site utiliza cookies para uma melhor navegação. Você permanecendo no site aceita os termos.

Dor de cabeça se chama trigo

09/02/2012 09:02
Agricultura, Agronegócio, Grãos Tags: Agroindústria, Comercialização, Investimentos, Trigo Aroldo Galassini, presidente da Coamo Agroindustrial: "Setor de trigo passa pelo pior momento" Desde a nossa entrada no Paraná, um assunto pipocou em quase todos os locais visitados pela Expedição Safra/Gazeta do Povo, o trigo. O estado é o maior produtor nacional deste grão e em 2011, a produção chegou a 2,42 milhões de toneladas. Esta quantidade já é 30% menor que a do ano anterior e, pelo o que tudo indica, em 2012, será menor ainda. Uma recuperação, talvez, poderá ser percebida em 2013 devido às novas indústrias que irão se instalar na região. "É um problema de comercialização, não de produção. Há alguns anos estamos enfrentando este problema no setor de trigo, não temos o que fazer, pois são problemas que envolvem política", disse na manhã deste domingo (5/2), Aroldo Galassini, presidente da Coamo, de Campo Mourão. Galassini diz que este é um dos piores momentos vividos pelo setor. "Temos produtividade alta, temos um produto de qualidade, mas não temos compradores", resume. Foi por este motivo que o produtor visitado em Floresta, Emerson Penachiotti, afirmou que vai desistir desta cultura. Ele nos contou que o trigo colhido em agosto do ano passado ainda está estocado e as ofertas de compra que surgem são muito baixas, em torno de R$ 23 a saca, quando o mínimo deveria ser R$ 28. "Faz dois, três anos que está complicado. Parei", enfatiza o produtor. Nilson Hanke Camargo, engenheiro agrônomo da Faep (Federação de Agricultura do Estado do Paraná) - ele está nos acompanhando desde a entrada no estado – acredita que o maior problema é o conflito com a agroindústria. "Se nós não importamos trigo da Argentina, ela não compra nossos produtos e aí, a briga se vira para a indústria", diz ele. "Infelizmente, ainda no Brasil, o lobby da indústria é mais forte que o lobby do agronegócio." O presidente da Coamo concorda com Camargo. "O setor precisa exigir mais subsídios do governo, estamos realmente passando por um momento crítico de comercialização", afirma Galassini. Quase todos os produtores estão lançando mão de programas como o ProAgro para não ter um prejuízo tão grande, mas muitos terão.". Para tentar minimizar o problema, as cooperativas paranaenses começam a se movimentar pra investir em indústrias de trigo. A primeira destas novas unidades será instalada em Carambeí, ao lado de Ponta Grossa, pela Cooperativa Agroindustrial Batavo. "Investir em indústria é a maneira que encontramos para viabilizar a produção de trigo de nossos cooperados. Eles terão garantia de venda da safra", explicou o diretor comercial da Batavo, Antonio Carlos Campos. "Não vai resolver o problema do setor, mas apenas viabilizar a produção." Em Brasília, o Ministério da Agricultura anunciou que vai aplicar R$ 178 milhões na aquisição de até 380 mil toneladas do cereal, ainda neste mês de fevereiro. Galassini diz que os estados beneficiados serão o Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Para o Paraná, o governo vai destinar R$ 60 milhões e vai comprar algo em torno de 126 mil toneladas.