Analistas estimam que mais 10% da produção esperada foram negociados nos últimos quinze dias no Brasil, mas ainda há espaço para bons negócios
A alta do dólar e da soja nos últimos quinze dias animou os produtores rurais de todo o país a evoluir com a comercialização da safra 2011/12. De acordo com especialistas consultados, as vendas da oleaginosa subiram de 5% a 10% no período.
Apesar de as cotações internacionais terem iniciado a semana em correção, as perspectivas dão conta de que há mais espaço para valorizações das commodities. "Estamos vivendo uma situação muito peculiar, com patamares acima da média e com perspectivas de chegarmos próximo aos melhores preços da história", avalia o consultor da FC Stone, Glauco Monte.
Depois de um período morno, a soja voltou a bater em R$ 50 por saca no Paraná. Já no Porto de Paranaguá, a oleaginosa foi negociada a R$ 56 por saca. Em comparação ao final de janeiro deste ano, quando a saca estava sendo comercializada a R$ 47, a alta foi de 16%.
Para melhorar ainda mais os preços médios de venda, o dólar também subiu nos últimos dias, chegando ao patamar de R$ 1,80. No Mato Grosso, conforme informações da FC Stone, entre 50% a 60% da safra já foi comercializada. Conhecido pelo conservadorismo em relação a vendas antecipadas, o Paraná já negociou 50% da safra que está com a colheita na reta final.
Para o analista de commodities da Cerealpar, Steve Cachia, além da alta do câmbio, o mercado da soja está positivo devido ao cenário mundial, com quebra da safra nos principais países produtores: Brasil, Argentina e, possivelmente, nos Estados Unidos. "A oferta mundial tende a diminuir, enquanto que a demanda, liderada pela China, deve continuar crescendo de forma agressiva. Não há previsão, a curto prazo, de oferta abundante, o que preocupa o mercado", observa. Numa análise global, ele aponta que enquanto o dólar é instável, a expectativa é de que as cotações futuras da Bolsa de Chicago devam aumentar.
Páreo duro
Além da quebra da safra na América do Sul, o mercado internacional começa a esquentar por causa da briga por área entre soja e milho nos Estados Unidos. As primeiras expectativas são de que o milho vai ganhar mais área do que a soja. Monte explica que a soja teve altas mais expressivas justamente para tentar roubar área do cereal.
O milho tem se mantido estável no mercado, mas a perspectiva é menos positiva para o segundo semestre, quando deve ser confirmada uma safra maior do grão durante o ciclo 2012/13.
Steve Cachia observa que a situação mundial do milho também está historicamente apertada, mas não tão preocupante quanto a da soja. "Não há muito estoque de milho, mas o potencial de produção deixa o mercado mais calmo".
Gazeta do Povo
Autor: Carolina Mainardes, especial para a Gazeta do Povo