Outras culturas estão mais rentáveis que o grão, fazendo produtores migrarem de atividade
Produtores desistem de cultivar trigo e área plantada em Mato Grosso é substituída por outros grãos, principalmente feijão. Conforme o 8º levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não há previsão de plantio para o Estado na safra 2012/2013. Queda acompanha a realidade nacional, cuja produção está 13% menor que a safra anterior.
Hortêncio Paro, pesquisador da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) explica que os agricultores estão preferindo culturas mais rentáveis, que tragam lucratividade, sobretudo em Alto Taquari (a 79 km da Capital), que já foi grande produtora do Estado. A concorrência com o preço do feijão é difícil. Para se ter uma ideia, compara, em um hectare são produzidas 40 sacas de feijão, sendo que cada uma delas é vendida por R$ 150. Na mesma área são produzidas 80 sacas de trigo, porém com um preço bem inferior, de R$ 40 (cada).
Faltam condições de apoio e incentivo ao produtor, ou seja, políticas públicas de governo, afirma o pesquisador. Há alguns anos o Banco do Brasil, através da Comissão Técnica do Trigo, comprava o alimento. Com sua extinção, os agricultores ficaram nas mãos das beneficiadoras, que preferem importar o trigo argentino, mais barato.
Moinho Belarina comprou no ano passado 600 toneladas de trigo cultivado em Mato Grosso. Além da baixa oferta, Otto Emerson Correia, gerente regional da empresa, confirma que o custo do trigo mato-grossense era muito alto, maior que o importado. Mas a qualidade também era superior. Localizado no Distrito Industrial de Cuiabá, o Moinho Belarina tem capacidade de estocagem de 6 mil toneladas e processa de 2,5 a 3 mil toneladas/mês.
Brasil - Segundo a Conab, todos os Estados brasileiros apresentaram queda na produção nesta safra, se comparada à anterior. Maior queda (-48,5%) foi registrada em Mato Grosso do Sul, seguida por São Paulo (-20,2%). Área plantada teve redução ainda maior, de 61,6% e 25%, respectivamente. Por região, o Sul, maior produtor do país, apresentou diminuição de 12,8% na produção, e 8% na área plantada. Nesta safra estão sendo cultivados em 1,887 mil hectares, 4,779 mil (t).
Gazeta Digital
Autor: A Gazeta/ Evania Costa