Considerada a nova fronteira agrícola do país, o Centro-Norte tem sido o principal alvo de investidores que pretendem cultivar soja e milho no Brasil. Com um preço por hectare equivalente à metade da média do Paraná, a região conhecida como Matopiba (formada por trechos de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), tem tido forte valorização. Em alguns anos superou 200%, conforme levantamento da Informa Economics FNP. Uma área de alta produtividade para grãos em Uruçuí (Piauí), uma das preferidas dos investidores, custa em média R$ 6 mil por hectare. Há aproximadamente dez anos, os negócios eram fechados por cerca de R$ 500 por hectare.
Nadia Alcantara, gerente técnica da consultoria responsável pelo levantamento de preços da terras, afirma que o novo Código Florestal restringe um pouco o número de negócios nessa região, "mas ainda assim tem sido viável para quem compra". Em estados como Paraná e Santa Catarina, onde estão as terras mais caras do país, o risco de passivo ambiental é inclusive maior se comparado ao da nova fronteira, revela Nadia. "As áreas no Sul são menores e as aberturas ocorreram antes da década de 70, quando havia outra legislação. Ou seja, existe a preocupação em relação a quanto o dono da terra terá de ser recomposta com o novo Código", afirma a especialista.
Com cerca de 250 mil hectares na América do Sul, o grupo argentino Los Grobo, é um dos grandes apostadores do Centro-Norte. A Ceagro, braço brasileiro do grupo, já cultiva soja em cerca de 50 mil hectares no país e tem missão de expandir essa área especialmente no Matopiba, onde estão concentradas suas operações, para se consolidar como um dos maiores grupos de produção do continente.
"Nessas regiões, o retorno de investimento na terra pode voltar em uma década, quase metade do tempo necessário no Sul. Além disso, o potencial de valorização do hectare é maior", afirma Nadia. (CR)
Gazeta do Povo
Autor: Cassiano Ribeiro e Igor Castanho