O setor de máquinas agrícolas é um dos mais prejudicados com as restrições argentinas de importação
As barreiras impostas pela Argentina desde fevereiro para a importação de produtos está prejudicando os fabricantes de máquinas agrícolas do Brasil. Na contramão da alta na cotação da moeda americana, que amplia as margens de lucro dos exportadores, a queda brusca de 10 pontos percentuais nos embarques dos equipamentos para o país vizinho entre 2010 e 2011 prejudicou os resultados.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revela que em 2010 a Argentina representava cerca de 25% do mercado importador no setor. Em 2011, esse número caiu para perto de 15% e a participação do país vizinho no mercado este ano deve ser ainda menor. Para comprar algum produto - de uma lista de 600 protegidos pela medida -, o importador argentino precisa apresentar uma Declaração Jurada Antecipada de Importação (Djai). A burocracia dificulta o processo, pois a declaração passa por órgãos do governo que têm vetado as compras com o objetivo de estimular a indústria nacional. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), as negociações seguem com o governo de Cristina Kirchner, mas mesmo com toda a insatisfação constantemente demonstrada pelas entidades brasileiras, os argentinos seguem dificultando a entrada de produtos. Mesmo que a alta do dólar esteja aquecendo as exportações como um todo, o cenário favorável ainda não é suficiente para compensar as perdas.
A busca por novos mercados é uma alternativa que está sendo explorada pelos empresários, diz Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers). No entanto, ele explica que é muito difícil encontrar esses compradores - mercados africanos são opções. Outra alternativa é abrir filiais no país vizinho para tentar contornar as barreiras, como a Stara, que já registra queda de cerca de 40% no total de exportações este ano, quando as restrições começaram, vinha estudando. "Estamos dando uma segurada nas coisas por lá para ver como vai a situação", afirma Sidinei Petry, que trabalha no setor de exportação da empresa.
Enquanto o impasse com a Argentina não se resolve, o setor comemora o aumento da competitividade das máquinas brasileiras em outros mercados do exterior, como África e Nicarágua. Petry diz que o crescimento na procura pelos produtos da Stara foi de 15% e que está otimista para um aumento real nos próximos meses. Tanto o MDIC quanto o Simers aguardam as resoluções do governo argentino, reunindo evidências na esperança de ver suas queixas atendidas pelo governo Kirchner.
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