Colheita avança a passos largos e, após seca, Corn Belt define o tamanho do mercado aberto à safra brasileira
Pela segunda vez nesta colheita, a Expedição Safra Gazeta do Povo envia uma equipe de reportagem ao cinturão de produção de grãos dos Estados Unidos. O Corn Belt está acelerando as máquinas após a maior seca em meio século e vai dimensionar o mercado aberto à produção do Brasil.
Com metade da soja e dois terços do milho colhidos, os EUA estão pelo menos duas semanas adiantados. O plantio foi antecipado e a colheita avança entre 10 e 20 pontos porcentuais por semana, um ritmo acelerado, conforme o Departamento de Agricultura do país, o Usda.
Na primeira viagem ao Corn Belt, em agosto, a Expedição Safra apurou que os EUA cogitavam racionar grãos para o abastecimento e as exportações. De lá para cá, as vendas de soja ao mercado global evoluíram a passos largos e a necessidade de racionamento interno, que atinge o milho, segue em discussão.
Os relatórios do Usda apontaram perdas de 13% para o milho e 14% para a soja (em relação à temporada anterior), mas eram considerados conservadores. Agora, surgem avaliações divergentes no mercado, com apostas em redução da quebra, que limitou a soja a 71,7 milhões e o milho, a 272,5 milhões de toneladas.
"Esse momento é muito importante. Menor ou maior que o anunciado, a safra americana está consolidada. Dependendo das avaliações que vão surgir, o mercado ainda pode ter movimentos bruscos", avalia Giovani Ferreira, coordenador do Núcleo de Agronegócio do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom) e coordenador da Expedição Safra.
Depois dos EUA, o projeto vai monitorar o plantio brasileiro, em 12 estados. Técnicos e jornalistas vão conferir a tendência de ampliação das lavouras e traçar o mapa logístico do escoamento de grãos do Brasil. Em discussão, rotas como a BR-163, a BR-158 e a ferrovia Norte-Sul, que abrem novos rumos para a produção do Centro-Oeste e interferem na movimentação de grãos e fertilizantes em Santos (SP) e Paranaguá.
Uma viagem à Índia será a principal novidade na segunda fase da Expedição, entre abril e maio, na época da colheita brasileira. Depois de percorrerem a China em 2011/12, técnicos e jornalistas voltam a investigar o mercado importador. A Índia, porém, é também um concorrente na produção de soja convencional exportada para a Europa.
Gazeta do Povo