Mesmo com atrasos pontuais em algumas regiões por imposição do clima adverso, hectares cultivados asseguram milho e algodão
O ritmo do plantio da safra de soja 2012/13, em Mato Grosso, está atrasado em relação ao registrado em igual período do ano passado, retrato do atual clima, que ainda com chuvas irregulares, segura a semeadura em algumas importantes regiões produtores como a oeste, a primeira a dar início à nova safra brasileira na segunda quinzena de setembro. Mesmo com atraso de quase 8 pontos percentuais (p.p.) na comparação anual, a superfície semeada até o momento garante área à segunda safra de milho e algodão. Até o final da semana passada cerca de 3,96 milhões hectares haviam sido plantados e a expectativa é que a safrinha ocupe 3,43 milhões.
Em Mato Grosso, como forma de driblar as perdas pelo custo logístico, os produtores se acostumaram a fazer duas grandes safras anuais, para isso, antecipam o cultivo da soja, a principal commodity, para que até o início de fevereiro a área, ora pertencente à soja, possa ser proporcionalmente ocupada pelo milho, maior opção de segunda safra no Estado. Até as safras passadas cerca de 25% a 30% dos hectares colhidos se tornavam lavouras de milho, para essa safra – devido à combinação demandas e preços – a projeção é que o milho cubra 36,8% da área destinada à sojicultura.
Ainda após a colheita da soja já em meados de janeiro, há produtores que optarão pelo algodão como safrinha.
Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), dos mais de 7,89 milhões ha projetados para serem cobertos, 3,96 milhões estão cultivados, o que equivale a 50,3% da área. Em igual momento do ano passado, a estimativa que apontava uma área 11,6% menor, tinha mais de 58% semeados, o que na comparação anual revela atraso de 7,7 p.p.
O Imea projeta para a safra 2012/13 uma área total de milho segunda safra em 2,91 milhões ha, volume que se confirmado, estará 16,4% acima da superfície coberta no ano passado, 2,50 milhões ha. Para o algodão, a estimativa é de 520,35 mil ha, retração de 28% sobre os 722,56 mil cultivados no ciclo 2011/12. Juntas, as duas culturas necessitam de 3,43 milhões ha, área que está suplementada em quase 16%.
ANÁLISE – O analista de Grãos do Imea, Cleber Noronha, frisa que a garantia da área a segunda safra é importante e só algum fator climático muito severo poderá comprometer o desenvolvimento do milho ou do algodão. "Os indicadores apontam ainda boas perspectivas para a segunda safra".
Questionado sobre o impacto da irregularidade das chuvas, Noronha explica que mesmo estando seco, o que coloca o freio ao ritmo da semeadura em algumas regiões como a oeste, basta uma chuva para que as plantas ganhem fôlego para mais uma semana de seca. "Se nas próximas duas semanas o clima continuar a interferir nos trabalhos a campo, ai sim, haverá um sinal de alerta e será possível mensurar possíveis perdas".
Como completa, de fato, há certo temor para o sojicultor que teve de retardar o plantio ou mesmo parar por alguns dias, afinal, o compromisso assumido com as vendas antecipadas obriga cada um a extrair a máxima produtividade a fim de quitar compromisso e ainda fazer sua margem de lucro. "Essa safra de soja nasceu sob a pressão de atender à demanda mundial e de dar certo para remunerar o sojicultor. E uma safra muito cara para se perder produtividade".
Conforme levantamento do Imea, das mais de 24,13 milhões de toneladas previstas nesta safra, 63% deste volume físico, estão vendidas antes mesmo se terem sido plantadas. Isso quer dizer que o sojicultor mato-grossense comercializou pouco mais de 15,20 milhões t. Os negócios registrados neste mês, pelo Imea, mostram que as vendas avançaram sobre igual momento do ano passado, quando 52,5% estão comercializados, o que gera evolução de 10,6 p.p. ante 2011.
Diário de Cuiabá
Autor: Marianna Peres