Nova fronteira agrícola usa sistema com tratores guiados por GPS para equilibrar fertilidade de áreas diferentes
Os agricultores do Centro-Norte brasileiro adotaram de vez a tecnologia como aliada no campo. A agricultura de precisão se expande rapidamente em regiões onde até pouco havia dúvida sobre a viabilidade da soja. Trata-se de um sistema automatizado que controla a dosagem de adubo em cada talhão das propriedades e que, apesar da falta de estatísticas, ganha adesão sem limites, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo.
A precisão promete redução de custos, ao evitar desperdício, e muda a vida dos produtores. Os tratores que puxam as plantadeiras são coordenados por GPS. Mesmo assim, os operadores embarcam na máquina, mas apenas para realizar manobras específicas.
O sistema passou a ser considerado primordial nos estados que formam a nova fronteira agrícola do Brasil – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o MaToPiBa –, que têm uma estreita janela de chuvas e solos arenosos, pobres de fertilidade natural. Com o sistema, o setor usa fertilizantes de forma racional e a equilibra os índices de produtividade.
"Economia é o principal benefício. Só nesta fazenda de 1,3 mil hectares, conseguimos economizar mil toneladas de calcário", disse o agrônomo Jefferson Françozo, encarregado de produção da Ceagro, empresa ligada ao Grupo LosGrobo, no Tocantins. Em valor, deixou-se de gastar R$ 90 mil. E a promessa é de 5 sacas de soja a mais por hectare.
O custo dos serviços necessários à agricultura de precisão – que incluem mapeamento da área, coleta de amostras e aplicação de fertilizante – partem de R$ 80 por hectare. Os produtores fazem as contas e concluem que a receita extra é maior, conforme Márcio Takatsu, gerente da Ceagro no Tocantins. Ele estima que 30% dos agricultores adotam a agricultura de precisão em Tocantins.
Ao mesmo tempo em que ganha adeptos, a modernização do cultivo de grãos exige profissionais mais qualificados para operar os equipamentos. E como mão de obra tem sido um dos maiores gargalos dos produtores que atuam no Centro-Norte, não há outra saída a não ser investir na qualificação e no salário dos trabalhadores rurais.
Em Luis Eduardo Magalhães (Oeste da Bahia), a equipe de técnicos e jornalistas da Expedição Safra visitou um centro de produção que ainda neste ano receberá um simulador de máquina para agricultura de precisão, uma estratégia que visa a capacitar operadores. "Aqui tem produtor que só planta com GPS agarrado no monitor das máquinas", afirma Vanir Koln, presidente do Sindicato Rural do município.
Gazeta do Povo
Autor: Cassiano Ribeiro