Expectativa de boa safra na América do Sul, especialmente no Brasil, estaria motivando chineses a romperem contratos de compra de soja com os norte-americanos.
José Rocher
A China desistiu da compra de 540 mil toneladas de soja dos Estados Unidos, disse na quinta-feira (19) o Departamento de Agricultura norte-americano, o Usda. Foi o maior cancelamento do líder mundial na compra da oleaginosa em pelo menos 14 anos. Com isso, a cotação da oleaginosa caiu rapidamente em Chicago, mas se recuperou ao longo do dia e, no final, fechou com baixa de 28 pontos cotada a US$ 14,08 por bushel (janeiro de 2013). As 540 mil toneladas são suficientes para carregar oito navios Panamax.
Foi o segundo cancelamento registrado nesta semana. Na terça-feira, o Usda afirmou que a China cancelou a compra de 300 mil toneladas de soja. Além disso, traders disseram que outro cancelamento de 120 mil toneladas, que iria para destino desconhecido, pode também ter sido feito pela China. Os exportadores precisam reportar imediatamente a venda de 100 mil toneladas ou mais de uma mesma commodity, feita em um dia a um único destino. Vendas de menores quantidades são reportadas semanalmente.
Segundo traders, os cancelamentos estão ocorrendo por conta da expectativa de boa safra do Brasil, que assume a liderança na exportação de soja em 2012/13. O país asiático compra soja no mercado norte-americano e, na medida em que a América do Sul confirma uma grande produção, cancela os contratos com os Estados Unidos. A estratégia visa barateamento nos preços. "A China está assumindo que não há nada de errado com a safra brasileira", disse Garrett Toay, consultor de risco da Toay Commodities Futures Group em Des Moines, Iowa. Os EUA têm apenas mais cerca de 15% da safra 2012/13 para vender.
Gazeta do Povo