A Associação Brasileira de Produtores de Milho está trabalhando em conjunto com os estados e entidades brasileiras ligadas ao agronegócio, para delinear os caminhos para o aumento da produção e da produtividade de milho. No Paraná, a entidade quer identificar o caminho percorrido que possibilitou o Estado a se transformar no maior produtor de milho do País.
Para isso, o presidente da associação e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, promoveu uma discussão sobre o assunto nesta segunda-feira (18), na sede da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), que contou com a participação do secretário da Agricultura e do Abastecimento em exercício, Otamir Cesar Martins.
A intenção de Paulinelli é fortalecer a cadeia produtiva do milho para que ocupe lugar de destaque na produção nacional de grãos. O executivo quer reunir as informações sobre produção, organização, associações de produtores e cooperativas e a industrialização do milho no Paraná para compor o Programa de Desenvolvimento da Cadeia do Milho no Brasil. Essas informações serão transformadas em documento, que será enviado ao governo federal com sugestões para inovar as políticas públicas em apoio ao cultivo de milho.
No ano safra 2012/13, entre a produção da safra normal e a safrinha, o Paraná deverá colher cerca de 18,3 milhões de toneladas de milho, com picos de alta produtividade em várias regiões do Estado. Em Guarapuava, entre os produtores associados à Cooperativa Mista Agrária Entre Rios, a colheita do milho da safra normal revela que a produtividade alcançada na região deve atingir cerca de 11 mil quilos por hectare, similar à produtividade alcançada nos Estados Unidos, maior produtor de milho do planeta.
O secretário da Agricultura em exercício atribui parte dessa evolução ao trabalho da assistência técnica e pesquisa oficial, que sempre esteve ao lado dos produtores, por meio da pesquisa de cultivares mais produtivas e resistentes a secas e geadas, e na transferência desse conhecimento ao produtor paranaense. Segundo Otamir César Martins, o Governo do Paraná está à disposição para ajudar o Brasil a aumentar a produção e a produtividade de milho e a se destacar como grande exportador no mercado internacional.
O diretor-presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, afirmou que as cooperativas de produção também têm um papel importante na evolução da produção e da produtividade do milho, porque fez um trabalho significativo de agregação de valor ao produto. Ele acredita que há espaço para o grão ser mais utilizado na alimentação humana, a exemplo do que já ocorre em outros países. "À medida que usarmos o milho na alimentação humana, certamente a produção e, consequentemente, a produtividade poderá ser estimulada e elevada", afirmou.
A discussão para o aumento da produção e da produtividade do milho no Brasil enfocou a produção, produtividade, processamento, industrialização, exportação, seguro rural, crédito e infraestrutura. O consenso entre os líderes cooperativistas que participaram da reunião foi a necessidade de políticas públicas que favoreçam a produção, para que o produtor tenha segurança em não ver despencar os preços do grão na fase da comercialização.
AUMENTO DE PRODUÇÃO - De acordo com o superintendente da Ocepar, Nelson Costa, a tendência para os próximos cinco ou seis anos para o Brasil é elevar a produção de milho do País das atuais 76 milhões de toneladas, conforme estimativa da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), para cerca de 100 milhões de toneladas.
Costa ressaltou que essa evolução só vai acontecer por meio do aumento da produtividade e não mais por incorporação de áreas. Portanto, insistiu nas políticas de apoio, crédito e transferência de tecnologia para sustentar esse crescimento. Com isso, ele estima que as exportações de milho também serão elevadas das atuais 20 milhões para cerca de 30 milhões de toneladas.
Para o ex-ministro Paulinelli, o Paraná tem muito a ensinar ao País. "Além da liderança na produção e produtividade, queremos entender como aconteceu a organização da produção, do processamento do grão, do aumento da produtividade, das soluções adotadas em infraestrutura e logística e a forma de agregar valor a essa commoditie", disse.
Segundo ele, a tendência é de aumento no consumo do milho em todo o mundo, e o Brasil está pronto para atender essa demanda. Além disso, o País tem baixo consumo humano de milho, por isso Paulinelli defende a organização da produção para que tenha uma importância social e econômica que justifique a necessidade de aumentar a produção.
O ex-ministro elogiou o setor produtivo no Paraná, que transformou a produção de milho e ampliou a produção animal (suínos e frango) e de leite. "Agora precisamos evoluir para os pratos pré-cozidos para atender a demanda do mercado internacional", disse. "Precisamos ocupar esse espaço e o Paraná tem muito a nos ensinar", concluiu.
Agência Estadual de Notícias