O tempo de espera dos motoristas nas filas dos Portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) elevou o valor pago pelo transporte da tonelada de soja de R$ 120 para até R$ 200 em Mato Grosso do Sul. A estimativa da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul) é de que o congestionamento nos portos cause aos produtores rurais do Estado um prejuízo de R$ 2 por saca da soja (60 kg).
Segundo o engenheiro agrônomo do Sistema Famasul, Lucas Galvan, a logística das commodities precisa de um planejamento de longo prazo. "É necessária uma atitude imediata, para que nos próximos anos os produtores não sofram os mesmo problemas que enfrentamos hoje", lamenta ao citar o prazo de instalação de um porto, que dura em torno de sete anos, até entregá-lo em perfeitas condições de uso.
Com as dificuldades logísticas, parte da produção da safra 2012/13 de MS ficará retida no Estado, o que poderá provocar aumento da oferta de produto, diminuindo consequentemente seu preço. E caso a soja não seja totalmente exportada até o início da colheita do milho safrinha, MS poderá ultrapassar seu limite de armazenagem.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja (AprosojaMS), Almir Dalpasquale, remete o prejuízo dos produtores do Estado à ineficiência logística do Brasil. "Em março iniciaram os embarques da soja. Se não houver liberação dos navios que estão ancorados, haverá impacto também na safra do milho", destaca. "É uma pena chegarmos nesse nível após tantos anos alertando quanto aos problemas de logística. É uma perda para nação e não só para os produtores", enfatiza Dalpasquale, referindo-se ao cancelamento da compra da soja brasileira pelos chineses, justamente devido às dificuldades logísticas brasileiras.
Em 2012, aproximadamente 75% do volume da soja de MS foi exportado via Paranaguá e Santos, condição que deve se repetir no escoamento desse ano. Os portos de São Francisco do Sul (SC), Vitória (ES) e São Luís (MA) respondem pelas demais 25% da soja escoada pelo Estado.
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