O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou 58,2% mais recursos no Paraná no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2012, puxado principalmente pela alta demanda do setor de agropecuária. Com a expectativa de supersafra para este ano depois da quebra na produção do ano passado, o segmento teve crescimento de 127,6% em valores, com um total de R$ 889,8 milhões. No total, o Estado recebeu R$ 3,224 bilhões.
Houve incremento em todos os setores nos valores de desembolsos. A indústria recebeu 89,8% a mais em 2013 e bateu em R$ 946,4 milhões. O setor de comércio e serviços teve aumento de 50,6%, com R$ 624,7 milhões. Na infraestrutura, houve crescimento de 4% em valores, com R$ 763,9 milhões, apesar da única queda no número de operações do Estado, com diminuição de 27,5%.
Economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher diz que a expectativa de boa safra para 2013, ao contrário da crise no ano passado, também impacta na indústria de alimentos. Tanto que os valores desembolsados chegaram a R$ 233,5 milhões, ou 32,5% a mais do que no primeiro trimestre de 2012. Ainda, ele destaca a fabricação de material de transporte, que atingiu R$ 226,5 milhões depois de crescimento de 374,6% em recursos. "Temos instalações de uma fábrica e ampliação de outra. Não posso confirmar que eles buscaram investimento no BNDES, mas pode ser a causa", afirma.
Ele lembra que o investimento industrial pode ser feito com recursos próprios e não é possível reduzi-lo aos recursos do banco de desenvolvimento. "Ao todo, esse aumento no Paraná é um indicativo de que o Estado deve crescer mais neste ano."
No Brasil, o BNDES registrou o melhor primeiro trimestre da história ao emitir R$ 37,2 bilhões, ou 52% a mais do que no mesmo período de 2012. No banco, o destaque ficou sobre as liberações para máquinas e equipamentos, o que aponta para uma preocupação do empresário em aumentar a produção. Apenas em bens de capital, houve elevação de 90%, puxada por maquinário de caldeiraria (596%), máquinas-ferramentas (135%) e máquinas para movimentação de carga (115%).
Apesar da preocupação do momento ser a inflação, causada exatamente pelo crescimento da demanda em maior grau do que os investimentos em produção, o vice-presidente do órgão, João Carlos Ferraz, vê um cenário otimista. "Neste ano o investimento vai crescer, ainda de maneira muito específica, mas o foco deve ser ampliado", diz. Ele afirma que o Brasil passa por um processo lento, mas está no caminho de ter empresas mais inovadoras.
Ferraz destaca que o momento de melhor distribuição de renda e aumento do nível de emprego elevou o consumo, mas que a produção não acompanhou porque são três questões difíceis de se aliar. Zurcher concorda com a vantagem do mercado aquecido e com a tendência de crescimento pelo maior número de desembolsos para a indústria no último trimestre. Porém, o economista critica a demora em baixar os juros para bens de capital, o que ocorreu apenas no fim de 2012. "Poderiam ter feito isso há quatro anos, quando já se via um impacto maior das importações, e assim a diferença não seria tão grande."
Fábio Galiotto
Folha Web