A fiscalização do Vazio Sanitário da soja, período em que não pode haver plantas verdes do grão no campo, tem sido complicada devido às constantes chuvas. Os técnicos da Agência de Defesa Agronômica do Paraná (Adapar) explicaram que em 15 dias conseguiram ir a campo apenas quatro dias. Como a abrangência do escritório regional compreende 24 municípios da Comcam, não foi possível vistoriar toda a área e o pedido é para que os agricultores colaborem e denunciem ao núcleo se perceberem que alguém não está cumprindo a medida. Mesmo com os poucos dias de fiscalização, já foram emitidas algumas autuações em áreas de soja safrinha.
O engenheiro agrônomo da Adapar, Orélio Paro explicou que o zoneamento que define o período do vazio sanitário não proíbe que a soja seja plantada antes do dia 15 de junho. "Com isso, tem agricultor que faz um planejamento e acredita que a planta está em fase de maturação quando começar a época. Mas muitos acabaram atrasando e tivemos de autuar para que fizessem o manejo da área", diz ao relatar que nas próximas semanas deverão fazer o acompanhamento para verificar se a determinação foi cumprida e a soja dessecada.
Os dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) apontam que a área plantada de soja safrinha em 2013 na região equivale a 9,4 mil hectares, maior do que em 2012. Ainda segundo o Deral, só nos municípios de Campo Mourão e Farol essas lavouras correspondem a 25% do total.
Um agricultor que preferiu não ter o nome revelado entrou em contato com a TRIBUNA para reclamar de propriedades próximas à sua no município de Farol que não haviam obedecido ao que determina a medida sanitária. Nestes casos, Paro orienta que o melhor a fazer é denunciar o produtor transgressor à Adapar. "Sempre com o máximo de informações para que a gente consiga realmente chegar a essa propriedade e faça a autuação", coloca. Não é necessário que o denunciante se identifique, mas os técnicos pedem que não sejam feitas denúncias vagas.
O vazio sanitário foi instituído por lei no Paraná pela resolução 120 de 2007, atendendo uma solicitação dos próprios produtores, que viram na proposta uma forma eficaz de evitar a disseminação do fungo que provoca a ferrugem asiática e ataca principalmente a safra normal da soja durante o verão. Os fungos sobrevivem durante o inverno nas plantas remanescentes de soja viva, em áreas cultivadas, em carreadores e estradas. Na ausência de plantas vivas, a tendência é reduzir o fungo.
"Eles precisam ter consciência que é um bem para eles e para o meio ambiente. Quanto mais atrasar o aparecimento da ferrugem, melhor", detalha ao explicar que com a menor incidência de esporos, o número de aplicações de produtos químicos diminui. Com menos fungicidas, o custo de produção cai assim como diminui a quantidade de defensivos liberados no meio.
Monitoramento
Além das áreas em que a soja foi plantada em forma de safrinha, o engenheiro agrônomo lembra que o agricultor deve estar atento à soja voluntária ou guaxa – àquelas plantas que nasceram entre outras culturas e nas margens das estradas vicinais e carreadores de acesso à propriedade. "Em função das chuvas no início do ano, o pessoal teve que colher com a terra mais úmida. A semente que permaneceu no campo acaba germinando depois e é preciso eliminá-la também", completa Paro.
Jornal Tribuna do Interior
Autor: Ana Carla Poliseli