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Milho: Recorde confirmado em MT

26/08/2013 08:08
Fim da colheita não quer dizer fim dos trabalhos. A menos de 30 dias para plantar soja, é preciso estocar e vender o cereal A colheita do milho segunda safra, em Mato Grosso, chegou praticamente ao fim na semana passada, quando mais de 98% da área plantada de 3 milhões de hectares estavam colhidos. Depois de oito estimativas de produção divulgadas desde agosto do ano passado, enfim, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) pôde confirmar um volume mais próximo possível da realidade estadual: uma safra recorde, de inimagináveis 18,72 milhões de toneladas. Mesmo garantindo por mais um ano a maior oferta do cereal na segunda safra do Brasil e ampliando a participação para inéditos 40% da produção nacional, o recorde traz a reboque mais preocupação do que euforia. Neste ano, o fim da colheita não significa fim dos trabalhos no campo, é preciso vender e estocar milhões de toneladas deixadas ao relento por falta de mercado e por falta de espaços nos silos. Restam ainda mais de 43% da produção, uma diferença de mais de 30 pontos percentuais em relação ao ritmo de negócios em igual momento do ano passado. Com mercado lento e ofertando valores abaixo de R$ 10 - cerca de R$ 5 a menos do que a saca custou para ser produzida – o produtor ainda têm um grande problema, maior que a conta entre receita e despesa: armazenar o milho antes da retomada das chuvas no Estado, previstas para terem início a partir do próximo mês. O produtor Guarino Fernandes, de Sapezal (470 quilômetros ao noroeste de Cuiabá) estima que tenha cerca de 10 mil sacas a céu aberto e que a partir do próximo mês será obrigada a tirar o grão do relento. Com ofertas de até R$ 8, não tem comércio para o milho", alerta. Em razão dos mesmos problemas do milho, supersafra e preço baixo, a soja ainda ocupa boa parte dos armazéns mato-grossenses e faltam condições para o acondicionamento do milho, cultura que teve a colheita iniciada em junho deste ano e que agora concorre com a soja. Conforme o Imea, 94% da oleaginosa estão comercializadas no Estado – mas isso não garante que todo o volume tenha deixado os silos – ante 100% em igual mês. A SAGA - O último levantamento de safra de milho realizado pelo Imea foi divulgado no início do mês e trouxe consigo novos números. A safra que já era a maior da história de Mato Grosso superou todas as expectativas ao pular de algo em torno de 17,37 milhões para 18,72 milhões de toneladas, ganho de mais de 1,3 milhão de toneladas de maio a agosto. "Como a área total do Estado de 3,01 milhões hectares não foi alterada, o incremento na produção veio por meio da elevação na produtividade que saiu de 96 para 103 sacas por hectares", aponta o levantamento do Imea. Os analistas do Imea que acompanharam a saga do milho mato-grossense lembram que o grande volume de chuva no plantio do milho, prejudicou a implementação das lavouras, além de atrasar o final da semeadura. "Baseado nestes fatos, o Imea projetou inicialmente uma produtividade menor. Porém, o clima foi mais uma vez excepcional em grande parte das lavouras, e em algumas regiões pode ser comparado com o do ano passado, o qual possibilitou grandes avanços em produtividade na safra 2012/13". Como o clima foi muito bom na maioria das regiões, com chuvas mais tardias que o normal, aliado ao uso de alta tecnologia nas lavouras, o milho respondeu com grande produtividade. "O médio norte deve fechar sua produtividade acima do consolidado no ano passado: 107 sc/ha ante 105 do ano anterior. O nordeste do Estado deve ter queda em relação ao ano passado, 94 sc/ha ante 101 do ano anterior, o que motivou este recuo foram à dificuldade na semeadura e a estiagem durante a reprodução do milho". Em função de ajustes entre as sete regiões avaliadas pelo Imea – noroeste, norte, nordeste, médio norte, oeste, centro-sul e sudeste - a produtividade média de Mato Grosso deve ter um decréscimo de apenas 1% em relação à safra passada, devendo fechar a safra com produtividade de 103 sc/ha. Com o incremento de produtividade Mato Grosso deve colher 20% mais sobre o ano passado e 120% mais que a produção de cinco anos atrás. A maior oferta vem do médio norte que deve produzir 10,26 milhões de toneladas, 55% do total do Estado. Diário de Cuiabá Autor: Marianna Peres